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Criadora de campanha virtual se diz 'feliz' com erro do Ipea

Nana Queiroz, que criou o "Eu Não Mereço Ser Estuprada", disse que País não está tão "ruim" quanto ela pensava; jornalista relatou assédio de partidos

4 abr 2014 - 18h17
(atualizado às 18h54)
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<p>A jornalista Nana Queiroz, organizadora da página de protesto no Facebook, disse ter ficado feliz com o erro da pesquisa do Ipea</p>
A jornalista Nana Queiroz, organizadora da página de protesto no Facebook, disse ter ficado feliz com o erro da pesquisa do Ipea
Foto: Reprodução

A criadora da campanha virtual “Eu não mereço ser estuprada”, a jornalista Nana Queiroz, 28 anos, disse ter ficado “feliz” ao saber do erro do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) na divulgação de dados da pesquisa cujo resultado foi exatamente o estopim para a iniciativa.

“Fiquei feliz porque o meu país está péssimo, quando achei que ele era ruim. Mas acredito que há erros que vêm para o bem: isso ajudou as mulheres a descobrirem que elas têm uma força muito grande”, disse.

A campanha ganhou projeção depois de ser lançada em redes sociais como Facebook e Twitter, nas quais foi representada pela hashtag "#nãomereçoserestuprada". Logo depois do lançamento, Nana relatou ter sofrido ameaças de estupro. Até a presidente Dilma Rousseff, no Twitter, aderiu à campanha.

O Ipea divulgou na tarde desta sexta-feira a correção da pesquisa da semana passada. Os dados reais, segundo o instituto, são os de que 26%, e não 65%, são os entrevistados que concordaram com a ideia de que mulheres com roupas curtas merecem ser atacadas.

“Estamos aliviadas em saber que não é aquele percentual anterior, mas não acomodadas: 26% ainda é um índice alto”, afirmou a jornalista, para quem não é a campanha que sai arranhada com o erro, mas o instituto de pesquisa.

Paulista, mas atualmente residindo em Brasília, Nana definiu: “Essa é a primeira grande campanha que encabeço, e não acredito que ela perca força porque o recado foi dado. Mulheres que foram vítimas de estupro ganharam voz”, avaliou a jornalista, que fez questão de se definir “militante, mas apartidária”.

Indagada se já recebeu convite para filiação partidária, a jovem respondeu que sim. “Fui convidada para me filiar e para participar de reuniões de dois ou três partidos, mas não tenho nenhum interesse nisso”, resumiu.

Erro custa exoneração de diretor do Ipea

Na pesquisa publicada no último dia 27, o Ipea informara que 65% das pessoas entrevistadas afirmavam que “mulheres com roupas curtas merecem ser estupradas”. Pela correção de hoje, esse índice foi de 26%, enquanto 70% discordavam total ou parcialmente da frase. A gafe foi tão impactante que o diretor responsável pela área de Estudos e Políticas Sociais do Ipea, Rafael Guerreiro Osório, pediu exoneração do cargo.

A nota do Ipea diz: "Relatamos equivocadamente, na semana passada, resultados extremos para a concordância com a segunda frase, que, justamente por seu valor inesperado, recebeu maior destaque nos meios de comunicação e motivou amplas manifestações e debates na sociedade ao longo dos últimos dias. Contudo, os demais resultados se mantêm, como a concordância de 58,5% dos entrevistados com a ideia de que se as mulheres soubessem como se comportar, haveria menos estupros."

Nas últimas semanas, o dado de 65% causou alvoroço nas redes sociais e motivou uma série de protestos no Brasil inteiro, como o realizado hoje em Porto Alegre. Até a presidente Dilma Rousseff entrou na campanha "Eu não mereço ser estuprada" e divulgou em seu twitter frases de apoio à jornalista Nana Queiroz, mentora da ideia seguida por milhares de mulheres em todo o país, que postaram imagens com fotografias segurando cartazes com os dizeres.  

Fonte: Terra
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