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Cúpula da CPI defende acareação de Pazuello com depoentes

19 mai 2021 - 19h05
(atualizado às 19h24)
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Integrantes da cúpula da CPI da Covid do Senado defenderam nesta quarta-feira em entrevistas realizar futuramente acareações do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello com outros depoentes em razão do consideram contradições do ex-titular da pasta em seu depoimento.

18/05/2021
REUTERS/Adriano Machado
18/05/2021 REUTERS/Adriano Machado
Foto: Reuters

O relator da comissão, senador Renan Calheiros (MDB-AL), disse que Pazuello mentiu muito e que o depoimento dele foi sofrível.

"Na medida em que depoimentos forem juntados à investigação com contradições óbvias nós vamos ter na sequência que fazer essas acareações sim porque essa é uma recomendação do processo investigativo", disse Renan, em uma das entrevistas.

O vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Psol-AP), afirmou que no caso de Pazuello as contradições foram tantas que talvez seja necessário fazer mais de uma acareação com o ex-ministro da Saúde.

Randolfe disse, por exemplo, que a fala do ex-ministro se contradiz com declarações dadas pelo ex-CEO da Pfizer no Brasil Carlos Murillo a respeito do momento das tratativas para a compra do imunizante do laboratório norte-americano. Pazuello disse que sempre houve contatos do ministério com a farmacêutica.

Em depoimento na semana passada à CPI, o então presidente da Pfizer no Brasil disse que a farmacêutica iniciou seus contatos com o governo brasileiro em maio e junho de 2020 e enviou uma primeira oferta em 26 de agosto, que teria ficado sem resposta. Ele disse que entre maio e novembro não houve contato com qualquer ministro de Estado, mas com equipes das pastas.

O presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), foi na mesma linha dos colegas. "Se precisar, não tenha dúvida; vamos fazer acareação e investigar a fundo", disse ele.

A definição de eventuais acareações na CPI precisa ser aprovada pela maioria dos integrantes da comissão.

Retomada

O depoimento de Pazuello foi suspenso na tarde desta quarta após ele ter passado mal durante o intervalo e ter sido atendido pelo senador Otto Alencar (PSD-BA), que é médico. O ex-ministro vai voltar a falar na manhã de quinta e ainda faltam 23 senadores inscritos para fazerem perguntas. [L5N2N665F]

Após ser atendido, Pazuello chegou a negar em entrevistas que tenha passado mal. Mas ele deixou as dependências do Senado.

O depoimento do ex-ministro é apontado como um dos principais da CPI para investigar, entre outros fatos, a suposta omissão do governo Jair Bolsonaro na compra de vacinas contra Covid.

Em entrevista a jornalistas, Aziz garantiu que Pazuello estava em condições de retomar o depoimento nesta quarta, mas como o Senado estavam em sessão de votações e havia ainda muitos senadores inscritos para inquirir o ex-ministro, achou melhor deixar para retomar os trabalhos só na manhã de quinta.

Com essa decisão, o depoimento da secretária do Ministério da Saúde Mayra Pinheiro --previsto para ocorrer na quinta-- foi adiado para a próxima terça-feira.

Filho do presidente

Na entrevista, o presidente e o relator da CPI avaliaram que não é necessário se convocar o vereador Carlos Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro, a depor na comissão.

Carlos Bolsonaro foi citado pelo executivo da Pfizer e também pelo ex-secretário da Comunicação Fabio Wajngarten como tendo aparecido e saído de uma reunião no Palácio do Planalto em meio a tratativas para a compra da vacina. "Não vejo necessidade por enquanto", disse Aziz.

Os parlamentares também foram cautelosos na entrevista sobre a eventual apreciação de quebra de sigilos de depoentes. O presidente da CPI disse que, por ora, não há nenhum indício de envolvimento de alguém que já depôs com irregularidades em recursos a justificar esse tipo de medida.

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