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Defesa pedirá habeas corpus de suspeita de matar italiana

Segundo o advogado, Mirian França de Mello não teve acesso a um defensor durante a prisão e a tomada de depoimento, além de estar incomunicável

5 jan 2015 - 16h30
(atualizado às 16h32)
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O advogado Humberto Adami, que defende a farmacêutica Mirian França de Mello, de 31 anos, apresentará à Justiça, até quarta-feira (7) um pedido de habeas corpus de sua cliente. Doutoranda da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a jovem está presa desde 29 de dezembro, sem comunicação com a família, suspeita pela Polícia Civil do Ceará da morte da italiana Gaia Molinari, na Praia de Jericoacoara. O caso gerou comoção e campanhas nas redes sociais pedem a libertação da estudante.

Apesar de não ter tido acesso ao inquérito até o momento, o advogado acredita que não há elementos que justifiquem a prisão de Mirian, na Polícia Internacional (Polinter) de Fortaleza. Segundo ele, com base em informações dos jornais locais, a farmacêutica foi detida por prestar informações contraditórias.

Gaia Molinari
Gaia Molinari
Foto: Facebook

Foto: Facebook

“Contradição não é confissão de culpa. A pessoa pode ficar com medo de estar em uma delegacia porque as delegacias do país não são confortáveis para nenhum negro”, afirma Adami, ao frisar a cor da pele da farmacêutica.  “Ela saiu daqui [Rio de Janeiro] com a viagem de ida e volta marcada e prestou com o dever de contribuir com as investigações ”. A jovem foi presa em Fortaleza, após ser interrogada pela polícia sobre o crime, acrescentou.

Adami lembrou que Mirian não teve acesso a advogado ou defensor durante a prisão e a tomada de depoimento, além de estar incomunicável. “Não vemos as evidências que a polícia do Ceará encontrou para mantê-la presa e há muitas linhas de investigação seguidas, inclusive, levantadas pela imprensa internacional que acompanha o caso desde o início”, comentou ele, que tem um histórico de atuação em casos que envolvem racismo.

A Defensoria Pública do Estado do Ceará atua no caso desde o final de semana e se reuniu hoje (5)  para tratar das estratégias de ação. Com o fim do recesso de final de ano, os defensores tiveram acesso aos autos. A expectativa de Humberto Adami  é que a defensoria peça o relaxamento de prisão.

A Polícia Civil e a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Estado do Ceará darão uma entrevista nesta tarde, em Fortaleza, sobre as investigações e esclarecerão a situação de Mirian.

No Rio de Janeiro, familiares e amigos se mobilizam para pedir a soltura da jovem carioca. No Facebook, a página “Liberdade Para Mirian França Justiça para Mirian Justiça para Gaia” reúne cerca de 4 mil apoiadores e um abaixo-assinado conta com 1,2 mil assinaturas.

Muito abalada, a mãe de Mirian, Valdicéia França, que entregou documentos para o pedido de habeas corpus,  desistiu de viajar com a filha na última hora. “Eu ia com ela nessa viagem, mas por causa desse calor não estava disposta e acabei desistindo”, disse. Seria a primeira vez que viajariam juntas. “Ia andar de avião pela primeira vez”, revelou a mãe da farmacêutica.

A amiga Raquel Albuquerque, com quem Mirian dividia apartamento e o mesmo laboratório no curso de pós-graduação na UFRJ, disse que é impensável imaginar que a jovem esforçada e carinhosa esteja envolvida no assassinato da italiana. “Mirian é uma estudante dedicada, não é a toa que emendou o mestrado e o doutorado. É boa aluna”, reforçou.

Agência Brasil Agência Brasil
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