Desmatamento da floresta chegou a 325 km², semelhante à area de Belo Horizonte
O índice apurado pelo Imazon foi o maior registrado para fevereiro em 16 anos.
O desmatamento da Floresta Amazônica voltou a crescer em fevereiro em uma área equivalente à de Belo Horizonte (MG). Segundo dados do Imazon, foram derrubados 325 km² de floresta no mês passado. Essa foi a maior devastação registrada para fevereiro em 16 anos, desde que o instituto de pesquisa implantou seu sistema de monitoramento por imagens de satélite.
O coordenador do Programa de Monitoramento da Amazônia do Imazon e pesquisador, Carlos Souza Junior, afirmou que esse aumento do desmatamento da floresta evidencia a necessidade das políticas de combate à devastação anunciadas pelo governo federal serem colocadas em prática de urgentemente e em parceria com os estados nas florestas sob maior risco de derrubada.
"Através da ciência e da tecnologia, inclusive da inteligência artificial, conseguimos identificar em cada estado quais são as áreas sob maior ameaça de devastação e disponibilizamos essas informações à toda a sociedade por meio do site da plataforma PrevisIA. Os governos podem intensificar e direcionar os esforços de fiscalização para salvar essas florestas", explicou.
ESTADOS QUE MAIS DESMATARAM
Cerca da metade (48%) do desmatamento registrado em fevereiro ocorreu apenas em Mato Grosso. No estado, a destruição passou de 96 km² em fevereiro de 2022 para 157 km² no mesmo mês de 2023, um aumento de 64%. Com isso, Mato Grosso ficou pelo segundo mês consecutivo no topo do ranking de devastação entre os nove estados que compõem a Amazônia Legal.
A pesquisadora do Imazon, Bianca Santos, relatou as razões para o estado ser o campeão de desmatamento. "Em fevereiro, a derrubada aumentou principalmente na metade norte, em municípios como Feliz Natal, Aripuanã e Peixoto de Azevedo. Em Mato Grosso, o desmatamento está em grande parte associado à expansão agropecuária, então não basta apenas fortalecer as políticas públicas de combate ao desmate ilegal. Também é preciso criar medidas de incentivo à produção sustentável e ao aumento da produtividade nas áreas já derrubadas", disse.
Pará e Amazonas seguem no topo do ranking dos estados com as maiores áreas derrubadas. No Pará, foram perdidos 63 km² de vegetação nativa, 19% do total na Amazônia, e no Amazonas 55 km², 17% do total. Em solo paraense, a devastação segue avançando em municípios críticos como Altamira e São Félix do Xingu. Juntos, eles somaram 44% (28 km²) de todo o desmatamento registrado no estado.
Já no Amazonas, a derrubada tem se concentrado no sul do estado, na divisa com Acre e Rondônia, uma região de expansão agropecuária chamada de Amacro. Lá está localizado Apuí, o município que mais desmatou a Amazônia em fevereiro: 24 km², 44% de toda a devastação registrada no Amazonas.
Base fluvial da Polícia Federal será deslocada para o Vale do Javari, no Amazonas. Estamos ampliando a presença do aparato estatal na Amazônia, para fortalecer a autoridade da Lei na região. pic.twitter.com/OqTkSJb3lL
— Flávio Dino 🇧🇷 (@FlavioDino) March 15, 2023