Dilma exalta vinda de médicos estrangeiros em pronunciamento
A presidente Dilma Rousseff aproveitou o pronunciamento em rede nacional na noite desta sexta-feira, por ocasião do Dia da Independência, comemorado amanhã, 7 de Setembro, para defender o programa Mais Médicos. A presidente elogiou os médicos brasileiros, mas destacou que o País ainda tem uma dívida com a saúde pública que pode ser amenizada com a vinda dos profissionais estrangeiros.
"O Brasil tem feito e precisa fazer mais investimentos em hospitais e equipamentos, porém a falta de médicos é a queixa mais forte da população pobre. Muita morte pode ser evitada, muita dor, diminuída, e muita fila, reduzida nos hospitais, apenas com a presença atenta e dedicada de um médico em um posto de saúde", disse a presidente durante o pronunciamento de pouco mais de dez minutos.
Dilma evitou polemizar e reforçou que os estrangeiros vão ocupar vagas que foram preteridas por médicos brasileiros. "A vinda de médicos estrangeiros, que estão ocupando apenas as vagas que não interessam e não são preenchidas por brasileiros, não é uma decisão contra os médicos nacionais. É uma decisão a favor da saúde", garantiu a presidente.
Ainda segundo Dilma, o Mais Médico faz parte de um pacto mais amplo pela saúde pública. Na avaliação da presidente, a população vai sentir os efeitos do programa em breve, especialmente os mais carentes, que não contam com estrutura adequada de atendimento nos municípios mais isolados.
"O Mais Médicos está se tornando realidade, e tenho certeza de que, a cada dia, vocês vão sentir os benefícios e entender melhor o grande significado deste programa. Especialmente você que mora na periferia das grandes cidades, nos pequenos municípios e nas zonas rurais mais remotas do País, porque você conhece bem o sofrimento de chegar a um posto de saúde e não encontrar médico, ou ter que viajar centenas de quilômetros em busca de socorro", completou.
ENTENDA O 'MAIS MÉDICOS' |
- Profissionais receberão bolsa de R$ 10 mil, mais ajuda de custo, e farão especialização em atenção básica durante os três anos do programa. |
- As vagas serão oferecidas prioritariamente a médicos brasileiros, interessados em atuar nas regiões onde faltam profissionais. |
- No caso do não preenchimento de todas as vagas, o Brasil aceitará candidaturas de estrangeiros. Eles não precisarão passar pela prova de revalidação do diploma |
- O médico estrangeiro que vier ao Brasil deverá atuar na região indicada previamente pelo governo federal, seguindo a demanda dos municípios. |
- Criação de 11,5 mil novas vagas de medicina em universidades federais e 12 mil de residência em todo o País, além da inclusão de um ciclo de dois anos na graduação em que os estudantes atuarão no Sistema Único de Saúde (SUS). |
Protestos
Na véspera do dia que promete levar novamente às ruas milhares de manifestantes, Dilma admitiu que o governo precisa ter humildade e que a população tem o direito de se indignar. Na avaliação da presidente, um dos principais problemas a ser enfrentado é a qualidade dos serviços públicos.
"Eu sei tanto quanto vocês que ainda há muito a ser feito. O governo deve ter humildade e autocrítica para admitir que existe um Brasil com problemas urgentes a vencer, e a população tem todos o direito de se indignar com o que existe de errado e cobrar mudanças. Infelizmente ainda somos um país com serviços públicos de baixa qualidade. Estamos aprofundando os cinco pactos para acelerar melhorias na saúde, na educação, no transporte, e para aperfeiçoar nossa política e a nossa economia", disse.
A presidente aproveitou para fazer um balanço dos cinco pactos propostas por ela em junho, no auge das manifestações. Além do pacto pela saúde, que tem sido centrado apenas no programa Mais Médicos, Dilma prometeu avanços na educação, no transporte público, na economia e na política.
Sem detalhar qualquer proposta, a presidente garantiu que obras e projetos de metrôs, monotrilhos, corredores de ônibus e VLTs (veículos leves sobre trilhos) serão capazes de melhorar a mobilidade no curto e médio prazo. Sobre a reforma política, Dilma reafirmou que pretende levar a cabo a proposta de plebiscito que o próprio governo já enterrou por duas vezes.
"O Pacto da Reforma Política e Combate à Corrupção acaba de dar um bom passo com a proposta de decreto legislativo para a realização do plebiscito. Queremos mais transparência, mais ética, honestidade e mais democracia. Isso passa, necessariamente, pela reforma das práticas políticas em todos os níveis. Só assim poderemos acabar com o desmando e combater, sem tréguas, a corrupção como queremos e como o Brasil necessita", afirmou.
Economia
Apesar da disparada na cotação do dólar, que já tem influenciado o preço de alguns produtos, Dilma reafirmou que o governo está atento para desequilíbrios que possam afetar diretamente a população e prometeu não dar trégua à inflação. A presidente responsabilizou o governo americano pela oscilação no câmbio e garantiu que o Brasil tem instrumentos para controlar a especulação.
"Estamos também tomando medidas eficazes para conter as oscilações bruscas do dólar, que afetam a economia de todos os países emergentes, sem exceção. Essas oscilações são decorrentes de alterações na política monetária americana e afetam a todos. A situação ainda exige cuidados, porém há sinais de que o pior já passou. Não vamos descuidar um só instante", garantiu.
A presidente ainda aproveitou para exaltar o crescimento de 1,5% no PIB (Produto Interno Bruto) do segundo trimestre. Segundo ela, a confluência de fatores como inflação em queda, redução no preço da cesta básica e geração de empregos manterá o Brasil na rota do crescimento.
"Superamos os maiores países ricos, entre eles os Estados Unidos e a Alemanha. Ultrapassamos a maioria dos emergentes e deixamos para trás países que vinham se destacando, como o México e a Coreia do Sul. Falharam mais uma vez os que apostavam em aumento do desemprego, inflação alta e crescimento negativo. Nosso tripé de sustentação continua sendo a garantia do emprego, a inflação contida e a retomada gradual do crescimento", comemorou.