Dilma pede ao Papa mensagem pela paz e contra o racismo na Copa
A presidente Dilma Rousseff pediu ao papa Francisco que mande ao Brasil uma mensagem pela paz e contra o racismo durante a Copa do Mundo. O encontro dos dois foi na noite desta sexta-feira (horário local) no Vaticano e durou 37 minutos. Dilma aproveitou para convidar o Papa para ir ver algum jogo da Copa do Mundo, mas já deixou claro que isso será quase impossível. "Primeiro vim convidá-lo mas, sobretudo, pedir a ele uma mensagem sobre esses dois temas, da que vai ser a Copa das Copas: um pronunciamento pela paz e contra o racismo", disse Dilma. "Como são dois assuntos em que ele tem muito compromisso, acredito que ele vá enviar a mensagem. Sobre o convite, acredito que ele não vá comparecer", afirmou.
Com a expectativa de que muitos protestos tomem conta do País durante o Mundial, a presidente teve claramente a intenção de utilizar a boa imagem deixada pela visita do Papa e pela Jornada Mundial da Juventude, para tentar acalmar os ânimos do País. "A ida dele ao Rio foi um momento muito importante para o Brasil. Quem estava lá sentiu e participou de um momento de interlocução de espíritos", afirmou. E mandou um recado a quem pensa em promover manifestações durante o mundial. "O Brasil mostrou ao Papa o que tem de melhor, que é a imensa generosidade do povo, a capacidade de acolhimento; e o Brasil abraçou o Papa. E a contribuição dele são os valores que ele transmitiu. Somos um Estado laico e o Papa foi recebido como chefe do Estado, mas é inequívoco que ele expressou valores importantes de fraternidade, da solidariedade, da relação respeitosa com o outro e mostrou a possibilidade de um grande congraçamento de pessoas com grau de pacifismo imenso", explicou.
A presidente fez questão de agradecer pela indicação do arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Oraní Tempesta, para cardeal da igreja católica, no Consistório que acontece amanhã de manhã no Vaticano. "Foi uma escolhida merecida. Além de homem de fé, Dom Oraní é um homem de muita solidariedade e que se interessa pelos pobres. E estou aqui para prestigiá-lo", comentou. Dilma vai participar do Consistório e mudou sua agenda para assistir à missa de domingo, a primeira dos novos 19 cardeais com o papa Francisco. Somente depois viaja para Bruxelas para a cúpula Brasil-União Europeia. "Depois da cerimônia de sábado devo ter a oportunidade de abraçar Dom Oraní", disse a presidente deixando claro que não irá à cerimônia de cumprimentos à tarde no Vaticano e nem na recepção da noite oferecida pela Embaixada Brasileira no Vaticano.
Durante a conversa com o Papa Francisco, ele e a presidente Dilma trocaram presentes. O Papa ganhou uma camisa 10 da seleção brasileira autografada pelo Pelé, uma bola autografada pelo Ronaldo e uma coleção de livros sobre a história dos jesuítas no Brasil. "Interessante que estou lendo um livro de um pesquisador da Unicamp que conta que quem trouxe o futebol para o Brasil foram os jesuítas e não o Charles Muller"”, contou Dilma. O Papa ainda ganhou um presente, de acordo com a presidente, "fora do protocolo": o ministro Gilberto Carvalho trouxe para o Papa uma camisa do Palmeiras. “Mas fora do protocolo não vale", brincou.
De presente, Dilma Rousseff ganhou um terço, uma medalha do Papa para a filha e uma imagem "muito bonita do anjo da paz". Na verdade, é a imagem que representa o espírito santo. Aparentemente gripada e vestindo um elegante sobretudo preto para encarar o frio de 10ºC da noite italiana, e um destacado colar de pérolas, Dilma Rousseff só fez um pedido ao Papa. Que seja neutro durante o mundial. "Pedi neutralidade para que a mão de Deus não empurre a bola de ninguém."