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Documento entregue por Nise à CPI sobre uso de cloroquina ressalva "exposição" de Bolsonaro

1 jun 2021 - 15h51
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A médica Nise Yamaguchi apresentou nesta terça-feira à CPI da Covid do Senado a minuta de um decreto discutido pelo governo que permitiria o uso em toda a rede pública da cloroquina e outras medicações sem eficácia comprovada contra a Covid-19, segundo cópia do documento entregue por ela à CPI e visto pela Reuters.

Médica Nise Yamaguchi depõe à CPI da Covid no Senado
01/06/2021
REUTERS/Adriano Machado
Médica Nise Yamaguchi depõe à CPI da Covid no Senado 01/06/2021 REUTERS/Adriano Machado
Foto: Reuters

No documento que teve sua autenticidade reconhecida em um Cartório de Notas, Nise reproduz toda a minuta e faz um alerta sobre a sua eventual divulgação, que poderia comprometer o presidente Jair Bolsonaro.

"Oi Luciano este decreto não pode ser feito assim, porque não é assim que regulamenta a pesquisa clínica. Tem normas próprias. Exporia muito o Presidente", alertou.

A discussão sobre a confecção pelo governo de um decreto que poderia liberar um uso em massa da cloroquina e outras medicações sem eficácia comprovada contra Covid-19 foi revelada em depoimentos anteriores na CPI, como do presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres.

Na minuta de decreto entregue à CPI, consta que a "adesão ao tratamento medicamentoso ora em estudo da Covid" deverá ser acordado entre médico e paciente, sendo que este último deveria assinar um termo de livre consentimento.

No depoimento à CPI, Nise continuou a defender o uso da cloroquina e outras medicações do chamado tratamento precoce. No entanto, a médica negou que tenha havido uma minuta de decreto para mudar a bula da cloroquina para incluir o medicamento no tratamento contra a doença.

Ela também negou ter feito parte de um gabinete paralelo que tomaria decisões sobre o enfrentamento da pandemia à revelia de orientações dadas pelo Ministério da Saúde, mas admitiu ter atuado como uma espécie de "consultora eventual" do governo.

A médica chegou a receber diárias do governo por esse último trabalho e, na documentação que entregou à CPI, fez uma devolução de 224,20 reais em diárias que disse ter recebido a mais para desempenhar o seu trabalho.

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