Dom Orani diz que roupa só mudou de cor: 'trabalho continua o mesmo'
O cardeal arcebispo Mario Aurelio Poli, que substituirá Jorge Mario Bergoglio, brincou com o fato de assumir lugar do Papa na Argentina
A fila de cumprimentos do cardeal arcebispo do Rio de Janeiro, dom Orani João Tempesta, chegou a invadir a fila do cardeal argentino Mario Aurelio Poli. Além das mais de 360 pessoas que vieram do Rio de Janeiro, de Belém e de São Paulo para seguir a cerimônia deste sábado no Vaticano, autoridades locais e estrangeiras fizeram questão de cumprimentar o cardeal, que, de roupa nova, estava tranquilo. “Não muda nada. A batina só mudou de cor e o barrete é confortável”, disse ele entre um cumprimento e outro e numa grande variação de idiomas: português, italiano e espanhol. “A missão é apoiar e ajudar o Santo Padre no que for preciso”, disse o religioso de 63 anos.
Dom Orani disse que fez questão de cumprimentar o papa Bento XVI que foi quem o nomeou para o Rio de Janeiro. “E foi quem escolheu o Rio como sede da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), o que foi muito importante,” afirmou. Dom Orani disse que não sabia que Bento XVI participaria do consistório. “Soubemos pouco antes de começar e ficamos todos muito felizes e honrados.”
O cardeal contou que foi cumprimentado pela presidente Dilma Rousseff ainda dentro da basílica de São Pedro. “Ela veio me agradecer pelo convite de vir a Roma e contou um pouco de como foi a conversa com o Papa. Parece que falaram muito de futebol”, comentou. A guarda suíça, tradicional do Estado do Vaticano, ofereceu a cada novo cardeal uma caixa com chocolates suíços. Já dom Orani entregava a quem o cumprimentava um santinho com os seguintes dizeres -com um texto junto ao seu brasão episcopal e, do outro lado, uma imagem de São Sebastião: “O dom recebido na gratuidade, sem esperar, é sempre uma graça. De coração agradecido, peço suas orações para bem servir à igreja”.
Depois da enorme fila de cumprimentos, Dom Orani teve que adicionar mais um item à sua já apertada agenda nos próximos dois dias em Roma: conhecer a igreja de Nossa Senhora da Divina Providência, da qual agora, como cardeal, é titular. “Só conheço por foto, mas tenho que ir lá antes de ir embora”, confirmou.
Dom Orani participa na manhã de domingo da missa com o Papa e depois reúne a imprensa no colégio Pio Brasileiro, onde está hospedado. Na segunda-feira, ele celebra missa na Basílica de São Sebastião, onde estão as catacumbas com os restos mortais do santo padroeiro do Rio de Janeiro, e tem um encontro particular com o papa Francisco no Vaticano, em horário a ser definido.
Dom Orani já tem data para voltar a Roma: no dia 27 de abril ele retorna a cidade para a cerimônia de santificação dos papas João Paulo II e João XXIII.
Cardeal assume lugar de Bergoglio em Buenos Aires
O cardeal arcebispo de Buenos Aires Mario Aurelio Poli substituirá Jorge Mario Bergoglio à frente da igreja de Buenos Aires. Ele, que assume o lugar do papa Francisco na capital argentina, conversou com os jornalistas durante a recepção dos cardeais a autoridades na ala Paulo VI do Vaticano. “Bom, veja como a batina fica grande em mim”, brincou. “Deus sempre ajuda muito ao Papa, aos padres e a meus amigos bispos”, disse.
Segundo a imprensa argentina, não é muito habitual que o cardeal argentino dê entrevista e uma oportunidade com ele é quase única, ainda que rápida. Sobre o crescimento da igreja da América Latina junto ao Vaticano, ele disse que as pessoas, principalmente as mais simples ficam contentes quando veem um cardeal a mais em cada um dos povos latino-americanos. “E isso nos dá ânimo para trabalharmos mais por eles. O Papa nos fez um convite faz pouco tempo, na ultima exortação apostólica e que nos somemos a uma igreja que sai e também acredito que os cardeais vão fazer esse movimento”, afirmou, falando da necessidade de que a igreja se aproxime mais do povo e do trabalho junto a esse povo.
Don Mario Aurelio Poli disse ainda que, por agora, o papa Francisco não lhe fez nenhum pedido especial. “Mas há um ditado romano que diz: ‘não se apresente se não te chamaram’”, brincou, já sabendo da missão que tem pela frente. “Trabalhei como seu auxiliar por seis anos. Sei como trabalha, e é muito. Estou aqui para dar o trabalho que a igreja me peça”, afirmou.