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É melhor fazer exercício físico antes ou depois do café da manhã?

17 abr 2017 - 19h06
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Para a maioria das pessoas, é impossível cumprir a fórmula ideal de tomar café duas horas e meia antes de fazer exercícios
Para a maioria das pessoas, é impossível cumprir a fórmula ideal de tomar café duas horas e meia antes de fazer exercícios
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Trata-se de um dilema antigo: é melhor tomar café da manhã antes ou depois de fazer exercícios?

Enquanto alguns estudos apontam para os benefícios da alimentação pré-treino para obter melhor rendimento físico, outros sugerem que se exercitar em jejum estimula a perda de peso.

Mas a verdade é que o mundo fitness é baseado em condicionantes, e o que é bom para determinadas pessoas pode ser contraproducente para outras. E também é preciso levar em consideração as variáveis das pesquisas e a representatividade dos grupos de controle observados.

Diante disso, a BBC Mundo, serviço em espanhol da BBC, perguntou a Daniel Escaño, nutricionista especialista em alto rendimento na NutriciónDE: Alto Rendimiento Deportivo, na Espanha, quando é melhor fazer exercício.

As porções do café da manhã antes do treino podem variar dependendo do tipo de exercício e de cada pesssoa
As porções do café da manhã antes do treino podem variar dependendo do tipo de exercício e de cada pesssoa
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Neste caso, está sendo levada em consideração uma pessoa de índice de massa corporal normal e com uma rotina de atividade física regular, de uma a três vezes por semana.

"É vital e imprescindível ingerir algo antes de se fazer exercícios", afirma Escaño, esclarecendo que o tipo e a quantidade de alimento pode variar dependendo da atividade física que será feita.

"Não há sentido em se submeter a uma situação de estresse partindo de uma base já degradada, uma vez que o indivíduo passou por um longo período de jejum durante as oito horas de sono", explica.

"Quando ele se levanta, precisa ingerir algo para que o organismo possa funcionar corretamente e fazer o trabalho muscular".

Qualidade antes de quantidade

Escaño garante que, ao falar de alimentação, é preciso mencionar dois aspectos: o aporte calórico/gasto de energia e a qualidade dos alimentos ingeridos.

"O corpo precisa de energia suficiente para poder funcionar, da mesma forma que um motor de carro precisa de combustível. Depois é preciso ver qual tipo (de alimento) é o mais recomendado."

"Ou seja, se é melhor gasolina ou diesel ou qual tipo de lubrificantes ou aditivos, que em comparação seriam os nutrientes que administramos no corpo através da alimentação", exemplifica.

Uma recomendação é ingerir algum tipo de alimento enquanto se prepara para a rotina física
Uma recomendação é ingerir algum tipo de alimento enquanto se prepara para a rotina física
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Para o especialista espanhol, um treinamento em jejum é mais indicado a atletas de alto rendimento, que "são os que têm capacidades extraordinárias".

"Eles partem do princípio de que têm uma condição física superdesenvolvida e, já próximo ao limite de suas possibilidades, buscam um elemento que os permita melhorar ainda mais", ressalta.

Mas para uma pessoa considerada normal, diz Escaño, o suposto benefício de um treinamento em jejum para reduzir o peso é um conceito contraditório.

"A metodologia mais eficiente para diminuir os níveis de gordura do corpo é uma boa alimentação e, depois, um treino com intervalos de alta intensidade."

Os exercícios com intervalos de alta intensidade são mais recomendados para se perder peso
Os exercícios com intervalos de alta intensidade são mais recomendados para se perder peso
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

"Se não há 'gasolina' no músculo, o glicogênio, é muito difícil fazer esse tipo de exercício."

"E se a pessoa fizer exercícios sem comer, acabará não os realizando de maneira adequada, já que não terá energia suficiente. E seus benefícios não serão notados."

Continuidade

Escaño reconhece, no entanto, que se pode fazer exercícios de baixa intensidade e duração média em jejum, para ativar o corpo. Mas insiste que é recomendável consumir algo que ajude a tornar o trabalho mais fácil.

"É importante ter continuidade no exercício, por isso a pessoa tem que se sentir bem no treino. Sem uma alimentação adequada, a atividade será mais difícil do que deveria."

Num cenário ideal, as pessoas deveriam tomar café da manhã cerca de duas horas e meia antes de se submeter a uma rotina de exercícios, mas isso é algo impossível para a maioria.

Por isso, Escaño recomenda a ingestão, cerca de 30 minutos antes da atividade física, de uma pequena porção de alimentos que não sejam difíceis de digerir.

Sem uma boa alimentação, é mais difícil completar a rotina de treino
Sem uma boa alimentação, é mais difícil completar a rotina de treino
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

"Uma fruta como uma banana, ou um laticínio desnatado, opções que não sejam muito gordurosas. Também pode ser uma torrada ou uma barra de cereais", explica.

Após o treino, a pessoa pode ingerir um café da manhã mais completo, com alimentos que ajudem na recuperação do corpo - a ideia é aproveitar o que é conhecido como janela anabólica.

O objetivo final é ter um treino de qualidade.

"O que a maioria das pessoas fisicamente ativas busca é melhorar, estar mais forte, melhorar suas marcas e aguentar mais", comenta.

"Para isso, é preciso estar a 100% e a alimentação é vital para conseguir isso", reforça o especialista.

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