Eficácia da CoronaVac será recalculada após autorização emergencial, diz diretor do Butantan
A eficácia da CoronaVac será novamente calculada quando o imunizante tiver autorização para uso emergencial dada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), disse à Reuters o diretor médico de pesquisa clínica do Instituto Butantan, Ricardo Palácios.
Pouco antes, Palácios anunciou em entrevista coletiva na sede do Butantan que a vacina contra a Covid-19 do laboratório chinês Sinovac tem eficácia geral de 50,38%, patamar ligeiramente superior aos 50% estabelecidos pela Organização Mundial de Saúde e a Anvisa para uma vacina eficaz contra a Covid-19.
Ele também reiterou as informações dadas pelo Butantan em entrevista coletiva na semana passada de que a vacina se mostrou 78% eficaz na prevenção de casos leves da doença e 100% em evitar casos graves e moderados no estudo clínico de Fase 3.
"O estudo continua", disse Palácios à Reuters por telefone horas depois da entrevista coletiva.
"Quando sair a autorização emergencial, a gente também tem a autorização para ofertar a vacina para o grupo placebo e quando isso acontecer, o acompanhamento do grupo se encerra. Então a gente vai ter uma nova consolidação de dados, vai ser recalculada a eficácia neste momento", explicou.
Palácios disse que o relacionamento entre as áreas técnicas do Butantan e da Anvisa durante a análise feita pela agência do pedido para uso emergencial tem sido bom até o momento.
"O processo está muito fluido, muito proveitoso", afirmou o diretor do Butantan.
"Acho também que há uma compreensão por parte da agência de que isso é uma autorização para uso emergencial. As informações não estão tão completas como se esperaria para um registro e nesse processo de condução de estudo existem diferentes níveis de amadurecimento dos dados", acrescentou.
A Anvisa anunciou nesta terça-feira que está prevista para o próximo domingo a reunião de sua diretoria colegiada que decidirá tanto sobre o pedido de uso emergencial da CoronaVac, feito pelo Butantan, como da vacina de AstraZeneca/Oxford, elaborado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Indagado sobre os motivos que levaram o Butantan a optar por divulgar em entrevista coletiva na quinta-feira uma eficácia de 78%, que se refere apenas aos casos leves, deixando de fora os "muito leves", que não precisaram de atendimento médico, Palácios disse ser da área técnica do Butantan e que esse departamento não participou da tomada de decisão sobre o momento do anúncio.
"A gente tinha um compromisso que foi mantido de que íamos explicar como área técnica perante o público. Esse era o compromisso que a gente tinha", afirmou.