Eleições municipais 2020: como se saíram os candidatos apoiados por Bolsonaro em post apagado no Facebook
Das 13 indicações do presidente, apenas 4 se elegeram ou foram para o segundo turno neste domingo; dos indicados a prefeito, nenhum ficou em primeiro lugar
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) resolveu apagar uma publicação em que indicava candidatos a prefeito, vereador e senador (no caso do Mato Grosso) assim que os primeiros resultados das eleições começaram a aparecer, na noite do domingo (15/11).
O presidente não explicou o motivo de ter apelo qual excluiu a lista de recomendações. A publicação, feita na véspera da votação, incluía os números dos candidatos.
Dos sete indicados por Bolsonaro ao posto de prefeito, cinco não chegaram nem ao segundo turno.
Nenhuma das duas recomendações do presidente que conseguiram um lugar na segunda rodada de votação aparece em primeiro lugar nos resultados das urnas.
Já entre 5 os candidatos recomendados pelo presidente a cargos de vereador, apenas dois se elegeram.
A principal expectativa era Walderice Santos da Conceição, a "Wal do Açaí", apontada como suposta funcionária fantasma do gabinete de Bolsonaro na Câmara dos Deputados, que teve como cabos eleitorais o presidente e seus filhos.
Repetindo uma estratégia bem-sucedida em 2018, ela adotou o sobrenome do presidente nesta campanha. O resultado, porém, foi pífio: Wal teve 266 votos e não se elegeu.
Em Mato Grosso, onde houve votação para senador, o indicado por Bolsonaro também foi derrotado.
Durante toda a semana anterior à votação, Bolsonaro fez transmissões ao vivo em seus canais em redes sociais indicando candidatos.
As "lives eleitorais", como o próprio presidente classificou as transmissões, são alvo de investigações do Ministério Público Federal em diversos Estados por suposta propaganda eleitoral irregular.
Na sexta-feira, o presidente disse que interromperia as propagandas. "Hoje não haverá live 'eleitoral'. A legislação não é clara sobre sua realização a partir desta data. Boa noite a todos", escreveu Bolsonaro.
Veja a seguir o desempenho dos indicados pelo presidente.
Prefeitura
Em Manaus, Bolsonaro indicou Coronel Menezes (Patriota), que ficou em quinto lugar e está fora da disputa. No segundo turno estão Amazonino Mendes (PODE), com 23,91% dos votos, e David Almeida (Avante), com 22,36%.
Em Santos (SP), o presidente indicou Ivan Sartori (PSD), que ficou em segundo lugar. Ele perdeu para Rogerio Santos (PSDB), eleito no primeiro turno com 50,58% do total de votos válidos.
No Recife, a Delegada Patricia (PODE), indicada por Bolsonaro, ficou em quarto lugar, com 14,06% dos votos. No segundo turno estão João Campos (PSB), com 29,17%, e Marilia Arraes (PT), com 27,95%.
Em Belo Horizonte, o candidato de Bolsonaro, Bruno Engler (PRTB), foi derrotado com 9,95% dos votos por Kalil (PSD), eleito no primeiro turno com 63,37% dos votos.
Em Fortaleza, Capitão Wagner, indicado por Bolsonaro, ficou em segundo lugar com 33,32% dos votos e disputa o segundo turno com Sarto (PDT), que teve 35,72% dos votos.
Em São Paulo, Celso Russomanno (Republicanos), favorito de Bolsonaro, ficou em quarto lugar com 10,5% dos votos. No segundo turno estão Bruno Covas (PSDB), com 32,86%, e Guilherme Boulos (PSOL), com 20,24%.
Por fim, no Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (PRB), indicado por Bolsonaro a prefeitura, ficou em segundo lugar com 21,9% dos votos e disputará o segundo turno contra o primeiro colocado Eduardo Paes (DEM), que teve 37,01% dos votos.
Vereadores
O presidente Bolsonaro fez duas indicações de candidatos a vereador em São Paulo.
Com 99,92% das urnas apuradas, Sonaira Fernandes (Republicanos), ex-assessora de Eduardo Bolsonaro, aparece em 63o lugar, com 0,35% dos votos, e Clau de Luca (PRTB), aparece na 145a posição, com 0,11%.
Como a Câmara de SP tem 55 vereadores, nenhuma das duas bolsonaristas deve aparecer entre os escolhidos pelos paulistanos.
Em Boa Vista, Bolsonaro indicou Deilson Bolsonaro (Republicanos), que teve 0,7% do total de votos válidos e também não se elegeu.
Em Angra dos Reis, Wal Bolsonaro (Republicanos) tampouco se elegeu e teve 0,3% dos votos válidos.
O único vereador eleito após ser indicado por Bolsonaro na publicação deste sábado foi Nikolas Ferreira (PRTB), eleito em Belo Horizonte com 2,51% dos votos válidos.
Senador
No Mato Grosso, a Coronel Fernanda PM (Patriotas) ficou em segundo lugar, com 20,44% dos votos válidos, e não se elegeu.
A eleição suplementar deste domingo elegeu Carlos Favaro (PSD), que teve 25,97% do total de votos.
Esta é a primeira eleição suplementar para o Senado em 50 anos no Brasil, segundo a casa legislativa.
A votação é resultado da cassação da ex-senadora Selma Arruda e de seus dois suplentes, pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Eles são acusados de caixa dois e abuso de poder econômico na campanha de 2018.