Em discurso, Bolsonaro não menciona derrota para Lula, mas diz que cumpre Constituição
Após fala do presidente, Ciro Nogueira anuncia que Bolsonaro autorizou início da transição. Chefe do Executivo falou ao público nesta terça-feira (1/11) após mais de 44 horas de silêncio.
Mais de 44 horas após ser derrotado no segundo turno das eleições, o presidente Jair Bolsonaro falou ao público pela primeira vez nesta terça-feira (1/11).
Em pronunciamento curto no Palácio da Alvorada, Bolsonaro disse respeitar a Constituição, desautorizou os protestos nas estradas, mas não fez qualquer menção ao resultado das eleições.
Após a sua fala, no entanto, o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP), disse que o presidente o autorizou a iniciar o processo de transição junto à equipe do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
"Quero começar agradecendo os 58 milhões de brasileiros que votaram em mim no último dia 30 de outubro. Os atuais movimentos populares são fruto de indignação e sentimento de injustiça, de como se deu o processo eleitoral", disse Bolsonaro.
O discurso do presidente foi feito enquanto apoiadores dele fecham dezenas de rodovias do país em protestos contra o resultado das eleições. Uma decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes ordena que polícias militares dos Estados desobstruam as estradas bloqueadas por protestos organizados por bolsonaristas.
O presidente, no entanto, não reforçou diretamente o coro para que manifestações sejam interrompidas.
"As manifestações pacíficas sempre são bem-vindas, mas os nossos métodos não podem ser os da esquerda, que sempre prejudicaram a população. Como invasão de propriedade, destruição de patrimônio e cerceamento do direito de ir e vir", afirmou Jair Bolsonaro em seu pronunciamento.
Apesar de o presidente não ter mencionado a eleição no discurso, antes de iniciá-lo ele comentou com o próprio Ciro Nogueira, ao lado do púlpito: "Vão sentir saudade da gente".
Jair Bolsonaro estava acompanhado de apoiadores como os deputados federais Hélio Lopes, João Roma e o parlamentar, que também é filho do presidente, Eduardo Bolsonaro.
Confira a íntegra do discurso de Bolsonaro:
Quero começar agradecendo os 58 milhões de brasileiros que votaram em mim no último dia 30 de outubro. Os atuais movimentos populares são fruto de indignação e sentimento de injustiça, de como se deu o processo eleitoral.
As manifestações pacíficas sempre são bem-vindas, mas os nossos métodos não podem ser os da esquerda, que sempre prejudicaram a população. Como invasão de propriedade, destruição de patrimônio e cerceamento do direito de ir e vir.
A direita surgiu de verdade em nosso país. Nossa robusta representação no Congresso mostra a força dos nossos valores: Deus, pátria, família e liberdade.
Formamos diversas lideranças pelo Brasil. Nossos sonhos seguem,mais vivos do que nunca. Somos pela ordem e pelo progresso.
Mesmo enfrentando todo o sistema, enfrentamos uma pandemia e as consequências de uma guerra. Sempre fui rotulado como anti-democrático e, ao contrário dos meus acusadores, sempre joguei dentro das quatro linhas da Constituição. Nunca falei em controlar ou censurar a mídia e redes sociais.
Enquanto presidente da República e cidadão, continuarei cumprindo todos os mandamentos da nossa Constituição.
É uma honra ser o líder de milhões de brasileiros que, como eu, defendem a liberdade econômica, a liberdade religiosa, a liberdade de opinião, a honestidade e as cores verde e amarelo da nossa bandeira. Muito obrigado.
Após a fala do presidente, o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, fez o seguinte pronunciamento:
"O presidente Jair Bolsonaro me autorizou, quando for provocado, com base na lei, nós iniciaremos o processo de transição. A presidente do PT, segundo ela, em nome do presidente Lula disse que na quinta-feira será formalizado o nome do vice presidente Geraldo Alckmin [para conduzir a transição pelo lado do futuro governo]. Aguardaremos que isso seja formalizado para cumprir a lei no nosso país."