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Em entrevista, Bolsonaro chama proposta de Paulo Guedes para Imposto de Renda de "ousada"

24 set 2018 - 19h34
(atualizado às 20h55)
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O candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, classificou nesta segunda-feira como "ousada" a proposta do seu principal assessor econômico, Paulo Guedes, para a mudança na forma de cobrança do Imposto de Renda para pessoa física.

Bolsonaro, em  Esteio, Rio Grande do Sul  29/8/2018 REUTERS/Diego Vara
Bolsonaro, em Esteio, Rio Grande do Sul 29/8/2018 REUTERS/Diego Vara
Foto: Reuters

Em entrevista à rádio Jovem Pan no hospital Albert Einstein, Bolsonaro detalhou a sugestão do economista, que é isentar do pagamento do IR para as pessoas que ganham até cinco salários mínimos e que acima desse valor seria cobrado uma alíquota única de 20 por cento.

O candidato admite que a proposta --que não está fechada e ainda poderá ser alterada-- levaria a União a perder arrecadação, mas isso daria um "gás" na economia.

"A proposta do Paulo Guedes para o Imposto de Renda eu até falei para ele, 'você está sendo ousado'. A proposta dele é o seguinte: quem ganha até cinco salários mínimos, não paga Imposto de Renda e dali para a frente uma alíquota única de 20 por cento. A União perderia arrecadação sim, mas o gás que você daria às empresas, aos comerciantes, produtores rurais para empregar gente, desonerando a folha de pagamento, compensa e muito", explicou.

O candidato disse que a Inglaterra fez um plano semelhante ao sugerido por Guedes 20 anos atrás e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, também adotou a mesma estratégia.

Internado desde o dia 6 e após passar por cirurgias para se recuperar do ataque a faca que sofreu, Bolsonaro afirmou que vai ter alta médica até dia 30 deste mês. Ele admitiu, no entanto, que mesmo após deixar o hospital não vai fazer campanha na rua, mas deverá, a partir do dia 1º de outubro, fazer transmissões ao vivo em redes sociais.

Bolsonaro disse que, se eleito, vai adotar a competência como critério para a composição do seu ministério, não indicações partidárias. Destacou, por exemplo, que o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), que é um dos principais articuladores da sua campanha, é um ótimo nome para comandar a Casa Civil, não por sua filiação partidária, mas pela competência.

ATENTADO

O candidato do PSL --que tem liderado as pesquisas de intenção de voto ao Palácio do Planalto-- disse não acreditar que o autor do ataque a facadas contra ele, Adélio Bispo de Oliveira, tenha agido sozinho. Essa é a principal linha de apuração da Polícia Federal, que conduz investigação sobre o caso.

O presidenciável afirmou que Adélio foi cumprir uma missão e levantou questionamentos sobre a investigação conduzida pela PF. Ele insinuou que o delegado da PF que atua no caso parece que age para "abafar" a apuração.

"Realmente o depoimento (do delegado da PF) é para abafar o caso. Eu lamento o que eu ouvi ele falando, dá a entender que age, em parte, como uma defesa do criminoso. Isso não pode acontecer. Não quero que inventem um responsável, longe disso", disse ele, ao argumentar que a investigação do mesmo caso conduzida pela Polícia Civil de Juiz de Fora (MG), onde ocorreu o atentado, está "bem mais avançada" que a da PF.

O candidato disse que foi vítima de um atentado político com o objetivo de tirá-lo da disputa presidencial. Comparou a estocada à faca que sofreu a um soco ou a uma pedrada e que "aconteceu vários milagres" para estar vivo. Citou que, por questão de milímetros, o golpe não atingiu veias que não lhe dariam "condições de resistir".

Bolsonaro afirmou que sempre havia esse temor de ser alvo de um ataque e que isso cresceu à medida que ele registrou um aumento nas pesquisas de intenção de voto. Disse que seu maior temor era deixar a filha de 7 anos.

Segundo o presidenciável, se eleito, vai trabalhar para igualar a pena de tentativa de assassinato à de um assassinato e que buscará acabar com o regime de progressão de pena. Ele rebateu a alegação de que seu discurso inflamado teria levado ao ataque.

"Exatamente ao contrário, sou vítima daquilo que combato", disse. "Prefiro a cadeia cheia de vagabundo do que o cemitério cheio de inocente", completou.

RISCO

O candidato do PSL também rebateu as alegações de críticos de que ele representaria um risco à democracia. Afirmou que, em vez disso, ele é um risco aos "esquemas" de quem faz essas afirmações.

Bolsonaro destacou que não vai haver indicações políticas para o BNDES e que as estatais consideradas ociosas serão todas privatizadas, ressalvando na entrevista que o Banco do Brasil BBAS3.SA e Caixa, por serem consideradas por ele estratégicas, estão "fora de cogitação".

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