Em relatório final, PF detalha 8 pontos de envolvimento direto de Bolsonaro em tentativa de golpe
A Polícia Federal apontou oito momentos em que o então presidente Jair Bolsonaro agiu de forma criminosa visando criar condições para uma tentativa de golpe de Estado para impedir a posse ou derrubar o governo de Luiz Inácio Lula da Silva após a eleição de 2022, segundo relatório final das investigações enviado nesta terça-feira à Procuradoria-Geral da República (PGR) pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Junto com o envio do relatório o ministro do STF Alexandre de Moraes também decidiu derrubar o sigilo do documento e torná-lo público ainda nesta terça-feira, o que vai acontecer depois que as mais de 880 páginas forem atualizadas no sistema digital de processos do tribunal.
Os oito pontos que envolvem Bolsonaro diretamente apontados pela PF foram divulgados inicialmente pelo site do jornal O Globo e confirmados pela Reuters com uma fonte da PF com conhecimento do documento.
O ex-presidente foi indiciado na semana passada com mais 36 pessoas pelos crimes de tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado de Direito e organização criminosa.
Bolsonaro nega ter cometido qualquer crime e disse na segunda-feira que nunca discutiu golpe "com ninguém".
Um dos pontos listados no documento final da PF, de 884 páginas, foi uma reunião convocada por Bolsonaro em dezembro de 2022 com os então comandantes das Três Forças Armadas para apresentar uma minuta que poderia levar a um golpe de Estado, como forma de pressão para que os militares apoiassem a iniciativa, segundo a PF.
De acordo com o relatório, os comandantes à época do Exército, general Marco Antônio Freire Gomes, e da Aeronáutica, tenente-brigadeiro do ar, Carlos Alberto Batista Junior, rejeitaram aderir ao golpe, mas o comandante da Marinha, Almir Garnier, foi o único que se colocou à disposição.
Garnier foi o único entre os três que estão na lista dos 37 indiciados pela PF no documento.