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Em texto de estreia de Braga Netto como ministro da Defesa, golpe de 1964 vira pacificação do país

30 mar 2021 - 20h06
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O novo ministro da Defesa, Walter Braga Netto, divulgou nesta terça-feira texto "Ordem do Dia Alusiva ao 31 de Março de 1964" enaltecendo o papel de "pacificar o país" realizado pelas Forças Armadas naquele ano, quando os militares foram protagonistas do golpe de Estado que derrubou o governo constitucional do presidente João Goulart.

General da reserva Braga Netto, que assumiu o Ministério da Defesa
03/04/2020
REUTERS/Adriano Machado
General da reserva Braga Netto, que assumiu o Ministério da Defesa 03/04/2020 REUTERS/Adriano Machado
Foto: Reuters

A texto de estreia de Braga Netto, que é general da reserva, enaltecendo as conquistas do golpe de 1964 ocorre em meio a temores de que sua ida para a pasta, assim como a saída dos atuais comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica, seja uma manobra do presidente Jair Bolsonaro para ampliar a politização e sua influência nas Forças Armadas.

"A Guerra Fria envolveu a América Latina, trazendo ao Brasil um cenário de inseguranças com grave instabilidade política, social e econômica. Havia ameaça real à paz e à democracia", diz Braga Netto na Ordem do Dia.

"Os brasileiros perceberam a emergência e se movimentaram nas ruas, com amplo apoio da imprensa, de lideranças políticas, das igrejas, do segmento empresarial, de diversos setores da sociedade organizada e das Forças Armadas, interrompendo a escalada conflitiva, resultando no chamado movimento de 31 de março de 1964", continua o novo ministro da Defesa, se referindo ao que durante muito tempo os militares chamaram de revolução.

"As Forças Armadas acabaram assumindo a responsabilidade de pacificar o país, enfrentando os desgastes para reorganizá-lo e garantir as liberdades democráticas que hoje desfrutamos."

A derrubada de João Goulart, que realmente contou com apoio de setores da sociedade, levou a uma ditadura de 21 anos, que teve presos políticos, torturados, mortos, desaparecidos, fechamento do Congresso e censura à imprensa, entre outras quebras dos direitos humanos.

Mas, segundo a Ordem do Dia do ministro, eventos como os de 1964 "só podem ser compreendidos a partir do contexto da época", e o quadro hoje é outro.

"O cenário geopolítico atual apresenta novos desafios, como questões ambientais, ameaças cibernéticas, segurança alimentar e pandemias. As Forças Armadas estão presentes, na linha de frente, protegendo a população."

Mais para o final do texto, Braga Netto ressalta a missão constitucional das Forças Armada, na qual está "garantir os Poderes constitucionais".

"A Marinha, o Exército e a Força Aérea acompanham as mudanças, conscientes de sua missão constitucional de defender a Pátria, garantir os Poderes constitucionais, e seguros de que a harmonia e o equilíbrio entre esses Poderes preservarão a paz e a estabilidade em nosso país", afirma.

"O movimento de 1964 é parte da trajetória histórica do Brasil. Assim devem ser compreendidos e celebrados os acontecimentos daquele 31 de março."

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