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Embaixador palestino no Brasil diz estar em 'stand-by' após anúncio de Bolsonaro sobre Jerusalém

Ibrahim Alzeben diz que Bolsonaro jamais respondeu convites para visitar territórios palestinos.

1 abr 2019 - 14h58
(atualizado às 15h19)
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O embaixador Ibrahim Alzeben afirma que Bolsonaro não respondeu dois convites para vistar a Palestina
O embaixador Ibrahim Alzeben afirma que Bolsonaro não respondeu dois convites para vistar a Palestina
Foto: Agência Brasil / BBC News Brasil

O embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Alzeben, disse ter sido orientado por seus superiores a "ficar em stand-by" após o anúncio de que o Brasil abrirá um escritório de negócios em Jerusalém - gesto de aproximação com Israel que desagradou os palestinos.

A decisão foi anunciada em Israel pelo presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, que visita o país.

"Recebi ordens para ficar em stand-by. Estamos acompanhando os desdobramentos da visita", disse Alzeben.

O embaixador falou à BBC News Brasil por telefone nesta segunda-feira, um dia após a Autoridade Palestina - entidade que governa partes da Cisjordânia e à qual a embaixada no Brasil está subordinada - anunciar em um comunicado que convocaria seu representante em Brasília para consultas.

No universo diplomático, a convocação do embaixador busca demonstrar reprovação e descontentamento.

Alzeben disse ter contatado a Autoridade Palestina duas vezes após a divulgação do comunicado. Nas duas vezes, afirma que foi orientado a esperar.

Transferência de embaixada

A abertura do escritório de negócios foi a alternativa encontrada por Bolsonaro ao plano de transferir a embaixada brasileira em Israel de Tel Aviv para Jerusalém - a ideia gerou temores de retaliação ao Brasil por parte de países árabes.

O governo de Israel esperava que Bolsonaro anunciasase a transferência da embaixada durante a visita. Após ter a expectativa frustrada, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu disse que a criação do escritório "é o primeiro passo para quem sabe um dia chegar à transferência da embaixada do Brasil para Jerusalém".

Israel considera Jerusalém sua "capital eterna e indivisível". Os palestinos, porém, pleiteam Jerusalém Oriental como capital de um futuro Estado.

A transferência da embaixada sinalizaria que o Brasil reconhece Jerusalém como capital israelense - postura hoje só endossada pelos Estados Unidos e pela Guatemala.

Apoio de países árabes e islâmicos

O embaixador palestino classificou como "desnecessário" o anúncio de abertura do escritório brasileiro em Jerusalém. "Qualquer aproximação do Brasil com o tema de Jerusalém não vai agradar ninguém", afirma Ibrahim Alzeben.

O embaixador afirma que a posição dos palestinos em relação a Jerusalém é respaldada por 57 países árabes ou islâmicos. Essa aliança é apontada como o principal motivo para a não transferência da embaixada: o agronegócio teme que as nações muçulmanas suspendam as importações de carne brasileira, causando grandes prejuízos ao setor.

Alzeben afirmou, porém, que os palestinos não pretendem retaliar o Brasil.

"Não é a nossa política. O Brasil é um país amigo, estamos trabalhando por todos os meios para manter as relações."

Ele também lamentou que Bolsonaro não tenha planos de visitar a Palestina durante sua viagem, que se encerra na quarta-feira.

Segundo Alzeben, a embaixada palestina enviou dois convites a Bolsonaro, mas jamais recebeu respostas.

"Esperamos que ele visite o Estado da Palestina sob ocupação na próxima visita."

Questionado por um repórter sobre o tema, o porta-voz da Presidência da República, Otávio do Rêgo Barros, não entrou em detalhes.

"Nós temos relações diplomáticas com vários países e, dentro desse aspecto, é óbvio que nós temos possiblidade de visitá-los quando convidados e quando há interesse em visitá-los", afirmou Barros, sem citar a Palestina.

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