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Erro em pesquisa foi 'grotesco', avalia ex-diretor do Ipea

5 abr 2014 - 09h52
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Ex-diretores do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e especialistas em pesquisas de opinião deram duros vereditos sobre o equívoco na divulgação dos resultados da polêmica pesquisa sobre violência contra a mulher – no qual 65% das pessoas entrevistadas afirmavam que “mulheres com roupas curtas merecem ser estupradas”. Para Edson Nunes, que foi vice-presidente executivo do órgão entre 1985 e 1994, o Ipea pode ter cometido esse “erro grotesco e banal” porque trabalhou “fora de seu foco”. "É lamentável. Uma pesquisa desse tipo tem que passar por muitas mãos e ser fartamente revista antes de ser divulgada. (...) A respeitabilidade do Ipea sofre muito com essa falha. Depois, que esse erro tem muito a ver com o trabalho em si. O Ipea não tem a tradição de fazer pesquisas de opinião. (...) O Ipea trabalha com dados econômicos e parece que está fora de seu foco", avaliou. As informações são do jornal O Globo. 

Quem também lamentou o erro cometido e revelado pelo instituto foi a deputada estadual Aspásia Camargo (PV-RJ), que presidiu o Ipea entre 1993 e 1995. "Certamente o que aconteceu ali foi um misto de cansaço, com a existência de equipes pequenas, trabalhando sobre coisas muito complexas. Para mim, faltou um leitor externo que pedisse aos pesquisadores mais certeza sobre suas conclusões", ponderou.

O sociólogo Simon Schwartzman, que foi presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) entre 1994 e 1998, valorizou o fato do Ipea ter reconhecido publicamente sua falha. "É importante que o instituto venha a público corrigir seu erro. Isso é para elogiar. Mas tem uma outra questão no ar: o instituto é da área econômica, e o tema da pesquisa é das ciências sociais. Isso quer dizer que o pessoal do Ipea não estava dentro da competência deles", alegou. Já o economista Sérgio Besserman, que também presidiu o IBGE, não acredita que o erro afete a imagem do Ipea. Para ele, o importante é reconhecer o erro com transparência e aproveitar a oportunidade para rever protocolos internos. 

Fonte: Terra
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