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'Eu estava louco, encantado com os R$ 25 milhões que a gente ia ganhar', diz Ronnie Lessa sobre caso Marielle

Assassino confesso da vereadora disse em depoimento ao STF que cometeu crime por ganância

28 ago 2024 - 11h54
(atualizado às 12h58)
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Ronnie Lessa deu depoimento ao STF nesta terça-feira, 27
Ronnie Lessa deu depoimento ao STF nesta terça-feira, 27
Foto: Reprodução

O ex-policial Ronnie Lessa, assassino confesso da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, disse em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) que cometeu o crime por ganância, já que foram prometidos R$ 25 milhões como recompensa.

O valor seria equivalente a dois terrenos que foram prometidos pelos irmãos Domingos e Chiquinho Brazão na região do Tanque, em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro.

“Eu estava louco, encantado com os R$ 25 milhões que a gente ia ganhar. Era o preço pela morte da vereadora que seria o valor dos terrenos”, declarou Lessa ao STF. Segundo ele, os terrenos e valores foram prometidos em troca de cometer o assassinato de Marielle.

Edmílson Oliveira da Silva, o Macalé, ficaria com outros R$ 25 milhões, e os irmãos Brazão com outras terras, ao lado. O ex-policial contou que o local ainda passaria por obras para a instalação de água.

A região onde ficam os terrenos foi apelidado de “Medelín da milícia” pelos irmãos Brazão, e ficaria na encosta de dois morros desocupados, às margens da Estrada Comandante Luís Souto. Na época do crime, em 2018, quase toda a Grande Jacarepaguá estava tomada por paramilitares.

"Eu nem precisava, realmente. Eu estava numa fase muito tranquila da minha vida. Minha vida já pronta, e eu caí nessa asneira. Foi ganância mesmo. Uma ilusão danada", afirmou Lessa.

O depoimento foi prestado nesta terça-feira, 27, e durou 5 horas. O autor do assassinato disse novamente que conhece os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão há mais de 20 anos. Eles estiveram reunidos três vezes para tratar da morte da vereadora Marielle Franco --duas vezes antes do crime, e uma depois. Na ocasião, Domingos Brazão estava muito nervoso, segundo Lessa. Ele relatou que o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado falava alto, e Chiquinho estava de braços cruzados e só observava.

Segundo Lessa, a todo momento, Domingos dizia que ele não deveria se preocupar com a investigação dos crimes, e que o então chefe da Polícia Civil, Rivaldo Barbosa, “viraria o canhão para o outro lado”.

“[Ele disse:] 'Fica tranquilo. O Rivaldo (Barbosa) está vendo isso aí. Se não der, nós temos promotores, juízes, desembargadores. Se for o caso nós vamos por cima”, contou Lessa.

Investigação dificultada

Lessa relatou ao STF que a Delegacia de Homicícios estava trabalhando para evitar a descoberta dos culpados pelo crime, tanto no caso Marielle e Anderson, quanto em diferentes casos.

"Normalmente, quem tem acesso aos delegados é quem paga propina. Talvez, se tivesse uma intervenção, uma coisa séria, se aparecesse um cara para denunciar provando que deu dinheiro a delegados, ia ter que abrir concurso. E na PM não é diferente. Seriam meia dúzia de gatos pingados que iriam sobrar. Essa é a realidade da Polícia Civil e na Polícia Militar. As polícias estão contaminadas há décadas. Vai no cara que paga (as propinas) que vem das milícias, do jogo do bicho, das casas de massagem", contou. Ele lembrou que, antes dos inquéritos se tornarem digitais, era comum eles sumirem das delegacias.

"Depois que digitalizou ficou mais difícil. Pegava o processo, botava debaixo do braço e deixava R$ 50 mil. Tinha que sobrar R$ 5 para passar num posto, comprar gasolina e fósforo para tacar fogo. Era assim que funcionava", revelou o ex-policial militar que ficou 10 anos na PM e depois mais 10 anos cedido a delegacias da Polícia Civil.

Depoimento

Nesta quarta-feira, 28, Ronnie Lessa irá depor novamente, também por videoconferência. O promotor representante da Procuradoria Geral da República (PGR), Olavo Pezzoti, irá continuar a fazer perguntas para o réu. Depois, as assistentes de acusação e defensores públicos do Rio fazem perguntas a Lessa.

Caso tenham tempo também devem falar, as defesas de Domingos e Chiquinho Brazão, Rivaldo Barbosa, do major Ronald Paulo Araújo Pereira e do policial militar Robson Calixto Fonseca, o Peixe

Durante a fala de Lessa, foi pedido por Saulo Carvalho, advogado de Ronnie Lessa, que todos os outros réus deixassem a videoconferência, e não assistissem à sessão. Apenas os advogados puderam acompanhar.

A defesa de Domingos Brazão disse que não existem elementos que sustentem a versão de Lessa, e não há provas da história apresentada. Já os advogados de Chiquinho afirmaram que a delação de Lessa é uma “criação mental” na busca por benefícios.

Fonte: Redação Terra
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