EUA: bebê brasileira com síndrome rara consegue transplante
Governo brasileiro não realiza o transplante e a família da menina teve de entrar com ação judicial para conseguir os R$ 2,25 milhões necessários para pagar o tratamento da menina
Depois de uma intensa batalha judicial contra o governo brasileiro e nove meses de espera nos Estados Unidos, a pequena Sofia Gonçalves de Lacerda, de um ano e três meses que nasceu com uma síndrome rara, conseguiu um doador de órgãos compatível. A informação foi divulgada pela família da menina, na manhã desta sexta-feira.
“É com muita alegria que venho comunicar a todos que nossa bonequinha se encontra neste momento no centro cirúrgico para receber seus novos órgãos. Sim, o anjinho doador apareceu e hoje nossa bonequinha recebe seus novos órgãos.... Este dia foi muito esperado não só por nós pais, mas como por todos vocês”, disseram os pais de Sofia, Patrícia Lacerda e Gilson Gonçalves, em uma rede social.
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A notícia foi comemorada por seguidores da pequena na página “Ajude a Sofia” criada para compartilhar a luta da família, que é de Votorantim, no interior de São Paulo. E cerca de uma hora a postagem já tinha mais de 37 mil curtidas.
Sofia é portadora da síndrome de megabexiga micrólon e hipoperistaltismo intestinal (MMHIS), também conhecida como síndrome de Berdon. Devido a doença, descoberta ainda na gestação, ela precisa transplantar seis órgãos: estômago, fígado, pâncreas, intestino delgado, intestino grosso e, provavelmente, um dos rins. Os órgãos dela não são capazes de fazer os movimentos necessários para digestão e eliminação das fezes e da urina. Ela também precisará de cuidados especiais para toda a vida.
Ainda não há informações sobre o doador e quanto tempo deve durar a cirurgia. O procedimento é realizado em Miami e comandado pelo cirurgião brasileiro e diretor de transplantes do Jackson Memorial Medical Center, Rodrigo Vianna.
“Vamos intensificar nossas orações. Que Deus continue abençoando a equipe do Dr Rodrigo que já está com nossa bonequinha neste momento”, pediram Gilson e Patrícia.
Após um período no hospital americano, Sofia e os pais estavam em uma casa onde aguardavam um doador compatível. Os avanços no tratamento da menina são compartilhados diariamente com os quase um milhão e meio de seguidores.
Batalha judicial
Sem condições financeiras para arcar com o tratamento, a família deu início a uma batalha judicial contra o governo brasileiro. Esse tipo de transplante não é feito em crianças no País, por isso para ter chances de sobreviver, Sofia teria que ser levada aos Estados Unidos.
Na época o advogado da família, Miguel Navarro, chegou a pedir a prisão do ministro da Saúde, Arthur Chioro, o acusando de prevaricação e desobediência à ordem liminar expedida pelo Tribunal Regional Federal (TRF) que determinou a transferência de Sofia.
Após algumas semanas de expectativa e desespero, já que o estado de saúde dela piorava com a demora, a família venceu a batalha na justiça contra o Ministério da Saúde e este foi obrigado a depositar quase R$ 2,25 milhões para pagar o tratamento da menina. Pai, mãe e bebê embarcaram para os Estados Unidos em julho do ano passado onde vivem desde então.