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EUA veem como 'legítima' preocupação de Brasil sobre espionagem

Casa Branca alega que algumas revelações da imprensa "distorceram" suas atividades

11 set 2013 - 21h16
(atualizado às 23h57)
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A assessora de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Susan Rice, reconheceu nesta quarta-feira ao ministro das Relações Exteriores do Brasil, Luiz Alberto Figueiredo Machado, as "questões legítimas" geradas pela espionagem de Washington a Brasília. "A assessora de Segurança Nacional expressou ao ministro Figueiredo que os Estados Unidos compreendem que as recentes revelações à imprensa - algumas das quais distorceram nossas atividades e outras provocaram questões legítimas por nossos amigos e aliados (...) - criaram tensões na muito estreita relação bilateral com o Brasil", afirmou Caitlin Hayden, porta-voz de Rice em comunicado, após a reunião na Casa Branca.

Neste sentido, acrescentou Hayden, "os Estados Unidos estão comprometidos a trabalhar com o Brasil para encarar essas preocupações, enquanto seguimos trabalhando de maneira conjunta em uma agenda compartilhada de iniciativas bilaterais, regionais e globais".

Agenda brasileira

No cronograma previsto inicialmente para a viagem de Figueiredo nos EUA, de acordo com a embaixada brasileira, o chanceler iria ainda hoje, de Washington até Nova York de trem, mas devido a problemas na linha de trens que liga as duas cidades, ele deverá passar a noite na capital americana. O chanceler foi pessoalmente cobrar explicações sobre as denúncias de espionagem envolvendo o monitoramento de autoridades e cidadãos. O presidente americano, Barack Obama, havia prometido esclarecer o tema até esta quarta, após conversar com a presidente Dilma Rousseff na semana passada, em paralelo à cúpula do G20, em São Petersburgo, na Rússia.

Nas duas últimas semanas, houve uma série de pedidos por informações aos EUA, reforçados pelos ministros da Justiça, José Eduardo Cardozo, e das Relações Exteriores. Em meio à expectativa pelas informações, a presidente deixou em aberto a possibilidade de viajar, em 23 de outubro, para Washington, com honras de chefes de Estado. Ainda assim, a viagem ao país em 23 de outubro, para abrir a Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York, foi confirmada hoje.

Canais diplomáticos

Hayden explicou que a reunião de Rice e Figueiredo desta tarde ocorreu "como parte desse diálogo" entre os presidentes e o compromisso expressado na Rússia por parte de Obama de "trabalhar dentro dos canais diplomáticos para encarar essas preocupações".

Além disso, a assessora americana insistiu que os "EUA estão realizando uma ampla revisão de suas atividades de inteligência para assegurar que são apropriadamente projetadas" e "consistentes" com seus "interesses nacionais, incluindo as relações com aliados-chave". "Estados Unidos e Brasil têm uma forte e estratégica aliança baseada em nossos interesses comuns como democracias multiculturais e grandes economias", disse em nota.

Espionagem americana no Brasil

Matéria do jornal O Globo de 6 de julho denunciou que brasileiros, pessoas em trânsito pelo Brasil e também empresas podem ter sido espionados pela Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (National Security Agency - NSA, na sigla em inglês), que virou alvo de polêmicas após denúncias do ex-técnico da inteligência americana Edward Snowden. A NSA teria utilizado um programa chamado Fairview, em parceria com uma empresa de telefonia americana, que fornece dados de redes de comunicação ao governo do país. Com relações comerciais com empresas de diversos países, a empresa oferece também informações sobre usuários de redes de comunicação de outras nações, ampliando o alcance da espionagem da inteligência do governo dos EUA.

Ainda segundo o jornal, uma das estações de espionagem utilizadas por agentes da NSA, em parceria com a Agência Central de Inteligência (CIA) funcionou em Brasília, pelo menos até 2002. Outros documentos apontam que escritórios da Embaixada do Brasil em Washington e da missão brasileira nas Nações Unidas, em Nova York, teriam sido alvos da agência.

Logo após a denúncia, a diplomacia brasileira cobrou explicações do governo americano. O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, afirmou que o País reagiu com “preocupação” ao caso.

O embaixador dos Estados Unidos, Thomas Shannon negou que o governo americano colete dados em território brasileiro e afirmou também que não houve a cooperação de empresas brasileiras com o serviço secreto americano.

Por conta do caso, o governo brasileiro determinou que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) verifique se empresas de telecomunicações sediadas no País violaram o sigilo de dados e de comunicação telefônica. A Polícia Federal também instaurou inquérito para apurar as informações sobre o caso.

Após as revelações, a ministra responsável pela articulação política do governo, Ideli Salvatti (Relações Institucionais), afirmou que vai pedir urgência na aprovação do marco civil da internet. O projeto tramita no Congresso Nacional desde 2011 e hoje está em apreciação pela Câmara dos Deputados.

Com informações da Agência Brasil

EFE   
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