Fabricante alerta risco de ATR perder sustentação e girar sob condição de gelo severo
A fabricante classifica essa condição como "de emergência"
O manual do modelo do avião ATR 72, que caiu em Vinhedo na sexta-feira e vitimou 62 pessoas, alerta sobre o risco de o modelo perder sustentação e girar se entrar em uma área de gelo severo como condição "de emergência". Isso é o que pode ter acontecido com a aeronave, que caiu sem controle girando no ar, como mostraram alguns vídeos gravados do momento do acidente. A queda 58 passageiros, dois comissários, copiloto e comandante do avião.
Receba as principais notícias direto no WhatsApp! Inscreva-se no canal do Terra
Radares não detectam formação de gelo severo nos aviões, mas a previsão meteorológica aponta quando há esse tipo de situação em rota.
Manual alerta
Pela característica das asas, na parte superior do avião, e da altitude em que voa (mais baixo que um jato), o ATR, um turboélice, está mais sujeito a ser impactado pelas formações de gelo. A aeronave tem um sistema antigelo e dispositivos no painel que apontam impacto às condições de voo resultantes do gelo.
Em outro manual, "Operações em tempo frio - prepare-se para o gelo", de 2011, a ATR alerta que o "gelo severo indica que a taxa de acúmulo é tão rápida que os sistemas de proteção contra gelo falham em remover o acúmulo".
O manual, que foi distribuído para as companhias aéreas que operam o avião ainda destaca. "A tripulação precisa sair dessa condição imediatamente".
Tragédia
O ATR da Voepass sobrevoava no interior de São Paulo a uma altitude de 5.100 metros, em que havia relatos de pilotos sobre formação de gelo severo. Os meteorologistas destacaram que teriam 35% de chances de haver gelo na região.
O Cenipa, órgão da Aeronáutica, investiga as causas do acidente. Os gravadores de dados de voo e de voz foram encontrados e serão analisados. O relatório sobre a tragédia ainda não tem prazo para ser divulgado.