Falta de saneamento básico sobrecarregou o SUS e provocou 344 mil internações em 2024
Segundo levantamento, a universalização do esgoto no Brasil reduziria em 69% a taxa de internações por doenças relacionadas a essa questão
Segundo relatório do Instituto Trata Brasil, a falta de saneamento básico sobrecarrega o SUS, afeta principalmente crianças e idosos, bem como agrava as desigualdades racial e de gênero no País.
A falta de saneamento básico sobrecarrega o Sistema Único de Saúde (SUS) e provocou 344 mil internações no Brasil em 2024. É o que mostra um relatório divulgado nesta quarta-feira, 19, pelo Instituto Trata Brasil.
Segundo o levantamento, a universalização do saneamento básico no Brasil reduziria em 69% a taxa de internações por Doenças Relacionadas ao Saneamento Ambiental Inadequado (DRSAI), que ocasionaram, só em 2023, a morte de 11.544 brasileiros. Entre as principais causas estão diarreia, hepatite A, dengue, malária, leptospirose e conjuntivite.
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Com adequação do saneamento básico em todos os lares brasileiros, em 36 meses, a taxa de internações por essas doenças cairia drasticamente. A redução traria também uma economia de cerca de R$ 49,9 milhões aos cofres públicos, uma vez que o custo por internação é de R$ 506,32.
De acordo com a pesquisa, a dengue foi a DRSAI que mais provocou internações em 2024. Foram 164,5 mil casos de um total de 168,7 mil incidências provocadas por insetos. As doenças causadas pela falta de saneamento podem ser transmitidas também por transmissão feco-oral ou pelo contato com a água imprópria.
O Maranhão aparece liderando o ranking de maior incidência de internações pelas DRSAI. O Estado registrou cerca de 46 casos para cada dez mil habitantes em 2024. Na sequência, aparecem Distrito Federal (36.234), Paraná (25.607), Amapá (24.600) e Minas Gerais (22.329).
A taxa de internação é maior entre idosos e crianças, que, juntos, somam 43,5% do total de casos. Pessoas com idades entre 0 e 4 anos representam 54 casos para cada 10 mil habitantes, e idosos, 23,6.
O estudo revelou também que a falta de saneamento agrava desigualdades racial e de gênero. Em 2024, cerca de 65% das internações ocorreram entre pretos e pardos. No caso das mulheres, esse percentual foi de 53% — 20,7 mil internações a mais que os homens.