Familiares negam que brasileiro preso na Espanha integre EI
Jovem natural de Goiás vive nos arredores de Barcelona com a família, desde 2006, e é convertido ao Islã; acusação diz que ele se preparava para ataques do grupo extremista à Europa
A família de um brasileiro residente na Espanha e acusado de integrar o Estado Islâmico nega que ele tenha ligações com o grupo extremista. Kaique Luan Ribeir Guimarães, de 18 anos, foi preso com outros dois amigos na Bulgária ano passado e foi extraditado pelos espanhóis suspeito de envolvimento com os radicais. As informações foram divulgadas em reportagem do Fantástico, da TV Globo, nesse domingo.
Uma das irmãs do brasileiro disse ao programa, por telefone, que o jovem não tem envolvimento com o grupo. Segundo ela, o irmão é uma pessoa “super boa, super tranquila” e que “nunca teve problema com a Justiça nem nada. Ele ia na mesquita para rezar, nada mais”. A mãe do preso, Armaurinda Ribeiro, também em entrevista, afirmou que “não é verdade” que o filho integre o EI. Ela também reclamou que as autoridades espanholas puseram o caso sob segredo de Justiça e não deram detalhes da acusação à família.
O brasileiro está sendo defendido por um defensor público da Espanha. Natural de Formosa, em Goiás, ele estava com a família na Espanha desde 2006. Eles viviam na periferia, na cidade de Terrassa – onde há uma expressiva comunidade muçulmana. O brasileiro é convertido ao Islã.
De acordo com a reportagem, a acusação contra Kaique aponta que ele estaria se preparando para participar de atentados pelo EI na Europa. Morador de uma cidade próxima a Barcelona, junto com a família, ele foi preso com dois amigos marroquinos em dezembro passado quando estaria tentando viajar até a Síria através da Turquia.
Às autoridades espanholas, ao ser extraditado, Kaique alegou que teria viajado à Bulgária para comprar roupas. O brasileiro está preso provisoriamente em um presídio perto de Madri. Ele responderá pelo crime de associação criminosa com organização terrorista, o qual, na Espanha, rende pena de até 12 anos de prisão em caso de condenação.
Conforme as informações repassadas pelo governo espanhol ao programa, Kaique era vigiado há meses e é considerado “muito perigoso”. Em entrevista, o promotor espanhol Javier Zaragoza afirmou que o brasileiro seria “membro de uma célula do Estado Islâmico que doutrinava jovens na região de Barcelona”.
Ao todo, só na Espanha são 60 os presos acusados de integrar o Estado Islâmico.