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Familiares, políticos e pernambucanos se despedem de Eduardo Campos

17 ago 2014 - 18h41
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O ex-governador de Pernambuco e candidato à Presidência pelo PSB, Eduardo Campos, foi enterrado na tarde deste domingo, no cemitério de Santo Amaro, em Recife, após um dia de velório e homenagens na cidade.

Campos morreu em um acidente aéreo em Santos (SP), na quarta-feira.

Mais de 160 mil pessoas, segundo a PM, se aglomeraram nos arredores do Palácio Campo das Princesas, sede do governo pernambucano, onde o corpo foi velado desde a madrugada.

De lá, o caixão foi levado em carro de bombeiros até o cemitério.

Entre os presentes no velório estiveram Marina Silva, vice na chapa de Campos e que deve se tornar a candidata do PSB à Presidência, a presidente Dilma Rousseff (PT), que concorre à reeleição, e Aécio Neves (PSDB), também candidato.

Também acompanharam o velório o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os governadores de Pernambuco, José Lyra, de São Paulo, Geraldo Alckmim, de Alagoas, Teotônio Vilela, do Espírito Santo, Renato Casagrande, do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, entre outras autoridades, como ministros, prefeitos, embaixadores e empresários.

A mulher de Campos, Renata, a mãe dele, Ana Arraes (ministra do Tribunal de Contas da União) e os filhos do presidenciável ficaram todo o tempo ao lado do caixão, no velório e no carro de bombeiros.

Dilma foi vaiada por um grupo ao aparecer no telão - depois disso, outro grupo puxou aplausos.

"Está morto um homem que tem as suas convicções vivas", disse o arcesbispo de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido, durante a missa. "Sentíamos nele, acima do gestor, um ser humano apaixonado pelo povo, especialmente pelos mais empobrecidos", afirmou.

Ao final da cerimônia, houve muitos aplausos e o público gritou "Eduardo, guerreiro, do povo brasileiro" - os filhos de Campos cantaram junto.

Também foram velados neste domingo em Recife os corpos do jornalista Carlos Percol e do fotógrafo Alexandre Severo, mortos no mesmo acidente.

Candidatura

Campos, que governou Pernambuco entre 2006 e 2014 - quando deixou o governo para concorrer à Presidência - foi enterrado ao lado do túmulo de seu avô, o ex-governador de Pernambuco Miguel Arraes (1916-2005).

O PSB tem até o final desta semana para apresentar um nome para substituir Campos. Na sexta-feira, a ex-senadora Marina Silva foi consultada de forma preliminar pelo PSB e, segundo a sigla, aceitou concorrer à Presidência no lugar de Campos. Ela recebeu também o apoio explícito da família dele.

O PSB realizará uma reunião de sua executiva para anunciar sua decisão final na quarta-feira.

No fim da tarde deste domingo, o presidente do partido, Roberto Amaral, abriu oficialmente o processo de consultas internas.

"Sepultado nosso líder, o PSB abre o processo de consultas visando à construção de alternativa política consensual a ser adotada pela sua Executiva Nacional (...), começando pela companheira Renata Campos (viúva de Campos), a vice Marina Silva e os partidos que integram a coligação Unidos pelo Brasil", informa a nota do partido, segundo a Agência Brasil.

Trajetória

Campos, que tinha 49 anos, estava em terceiro lugar na corrida eleitoral, com cerca de 10% dos votos, de acordo com as pesquisas mais recentes. Estava atrás da presidente Dilma Rouseff (PT) e do senador Aécio Neves (PSDB).

Nascido em 10 de agosto de 1965 no Recife, Eduardo Henrique Accioly Campos era filho do poeta Maximiano Campos (1941-1998) e de Ana Arraes, atual ministra do TCU.

Era economista e o principal herdeiro político de seu avô, Miguel Arraes. Começou oficialmente na política em 1986, ao trabalhar na campanha de Arraes em sua segunda campanha ao governo de Pernambuco.

Em 1990, filiou-se ao PSB, pelo qual foi eleito deputado estadual no mesmo ano.

Aos 25 anos, sofreu sua única derrota eleitoral ao terminar em quinto lugar na disputa pela Prefeitura do Recife.

Em 1994, foi eleito deputado federal com 133 mil votos. Licenciou-se do cargo para ser secretário do governo Arraes em Pernambuco. Em 1998, foi reeleito deputado federal com 173,6 mil votos.

Foi ministro de Ciência e Tecnologia entre 2004 e 2006, durante o primeiro governo Lula. Era o mais jovem entre os ministros à época.

Presidência

Campos assumiu a presidência do PSB em 2005 e, no ano seguinte, licenciou-se deste cargo para concorrer ao governo de Pernambuco.

Foi eleito com 60% dos votos no segundo turno. Em 2010, foi reeleito com 83% dos votos no primeiro turno, o maior índice registrado entre todos os governadores eleitos naquele ano.

O político estava em campanha para as próximas eleições presidenciais e havia firmado aliança com a ex-senadora Marina Silva, da Rede Sustentabilidade, que seria sua vice-presidente.

Campos tentava se apresentar como uma nova via da política nacional.

"Se a gente quer chegar a um novo lugar, a gente não pode ir pelos mesmos caminhos", disse em sua última entrevista, dada à Rede Globo na terça-feira.

Mesmo atrás nas pesquisas, acreditava que cresceria ao se tornar conhecido com o início da campanha na televisão.

"Minha eleição vai ser de fenômeno, vai ser de arranque na última hora", disse à revista Piauí.

Acidente

De acordo com a Aeronáutica, o jato em que estava Campos saiu do Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, com destino ao aeroporto do Guarujá, em São Paulo. Quando se preparava para o pouso, por volta das 10h, o avião arremeteu possivelmente devido ao mau tempo.

Em seguida, o controle de tráfego aéreo perdeu contato com a aeronave. A Aeronáutica já deu início às investigações para apurar o que pode ter contribuído para o acidente, no qual morreram outras seis pessoas - o fotógrafo da campanha, um operador de câmera, dois assessores e os dois pilotos.

Campos era casado com a economista e auditora concursada do Tribunal de Contas do Estado Renata de Andrade Lima Campos, de 47 anos. Eles começaram a namorar ainda na adolescência.

Renata estava com a família em Recife no momento do acidente. Campos deixa cinco filhos.

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