Após racha no PSDB, FHC defende que Alckmin assuma comando
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, presidente de honra do PSDB, defendeu nesta sexta-feira que o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, assuma o comando da legenda, um dia depois de o presidente licenciado do partido, senador Aécio Neves (MG), destituir o também senador Tasso Jereissati (CE) da presidência interina da legenda.
A decisão de Aécio agravou ainda mais a cizânia entre os tucanos, com aliados de Tasso, que lançou-se candidato ao comando da sigla nesta semana, criticando o senador mineiro, abatido por acusações de irregularidades no âmbito da delação premiada de executivos da J&F, holding que controla a JBS.
O ex-governador Alberto Goldman foi indicado por Aécio para comandar o PSDB interinamente até a convenção nacional do partido, marcada para 9 de dezembro, quando Tasso deverá disputar o comando partidário com o governador de Goiás, Marconi Perillo.
"Acredito que o restabelecimento da coesão, com tolerância à variabilidade das opiniões internas, mas também com firmeza de propósitos, requer que o presidente designado do PSDB, Alberto Goldman, crie condições para que líderes experientes e respeitados, como o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, assumam posição central no partido", escreveu Fernando Henrique, em uma rede social.
"Se porventura tal convergência não se concretizar, o que porá em risco as chances do PSDB, já disse que apoiarei a candidatura do senador Tasso Jereissati à presidência do partido. Com isso, não faço ressalvas ao direito do governador de Goiás, Marconi Perillo, a quem respeito por sua fidelidade ao PSDB e pelo bom governo que faz", disse FHC. "A vitória de um ou de outro não corresponde à vitória do bem contra o mal: precisamos permanecer juntos."
Na mensagem, Fernando Henrique diz ainda fazer um "apelo ao bom senso e às responsabilidades nacionais dos líderes do partido para que busquem restabelecer a unidade", diante do que chamou de "acirramento" causado pela destituição de Tasso da presidência interina do PSDB.
Para o ex-presidente, a coesão interna entre os tucanos é "requisito para enfrentarmos a próxima campanha eleitoral propondo as transformações pelas quais o país clama".
Fernando Henrique também defendeu o apoio do PSDB às reformas que tramitam no Congresso Nacional, afirmando que elas fazem "parte do que acreditamos e do que pregamos". Defendeu, ainda, mudanças estatutárias para criar "canais mais amplos para participação dos filiados na escolha dos candidatos".
Alckmin tem sido apontado como nome mais provável do PSDB para disputar a Presidência da República na eleição do ano que vem e já disse publicamente ter a intenção de novamente concorrer ao Planalto, depois de perder para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2006.
O prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, também já manifestou vontade de disputar a candidatura tucana e o prefeito de São Paulo, João Doria, embora não tenha admitido publicamente a vontade de concorrer, tem se movimentado nacionalmente com uma série de viagens pelo país e pelo exterior.
A disputa entre os tucanos têm como principal fator divergências internas em torno do apoio da sigla ao governo do presidente Michel Temer, em que o PSDB tem quatro ministros --Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo), Bruno Araújo (Cidades), Aloysio Nunes (Relações Exteriores) e Luislinda Valois (Direitos Humanos).
O PSDB votou dividido nas duas denúncias criminais contra Temer na Câmara dos Deputados. A ala mais ligada a Aécio defende a permanência do partido no governo, enquanto o grupo mais próximo a Tasso, que conta com parlamentares mais jovens da legenda, defendem o desembarque.
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