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Flávio Bolsonaro diz que Frederick Wassef não é mais seu advogado

22 jun 2020 - 07h17
(atualizado às 07h43)
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Segundo a "Folha", substituto é ex-defensor de Sérgio Cabral. Wassef é dono de imóvel onde foi preso Fabrício Queiroz, ex-assessor do filho do presidente investigado por suposto esquema de "rachadinha".O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) anunciou na noite deste domingo (21/06), em sua conta no Twitter, que o advogado criminalista Frederick Wassef não é mais seu advogado de defesa.

Senador Flávio Bolsonaro: "Wassef deixa a causa mesmo ciente de que nada fez de errado"
Senador Flávio Bolsonaro: "Wassef deixa a causa mesmo ciente de que nada fez de errado"
Foto: DW / Deutsche Welle

Wassef defendia Flávio no caso do suposto esquema de "rachadinha" que teria funcionado no gabinete do político na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).

"A lealdade e a competência do advogado Frederick Wassef são ímpares e insubstituíveis. Contudo, por decisão dele e contra a minha vontade, acreditando que está sendo usado para prejudicar a mim e ao presidente Bolsonaro, deixa a causa mesmo ciente de que nada fez de errado", escreveu Flávio.

De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, para substituir Wassef, Flávio Bolsonaro contratou o advogado Rodrigo Roca, que defendeu o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral até 2018.

A TV Globo afirmou que o advogado foi afastado da defesa de Flávio por determinação da família Bolsonaro. Em sua rede social, o senador ressaltou, entretanto, que a decisão teria sido tomada pelo próprio Wassef.

"Não posso permitir que me usem para prejudicar o presidente. Deixo a defesa para proteger os interesses de Flávio", disse Wassef, citado pela Folha.

O anúncio ocorre três dias após Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio, ter sido preso em um imóvel de Wassef, em Atibaia, no interior de São Paulo.

Segundo a polícia, Queiroz estava hospedado na casa do advogado há mais de um ano. O criminalista nega que tenha abrigado Queiroz, negou ter tido qualquer contato com ele, mas não explica como o ex-assessor de Flávio chegou até a casa.

As investigações em torno de Queiroz

Queiroz é investigado por lavagem de dinheiro, suspeito de operar o esquema de "rachadinha" - quando funcionários são coagidos a devolver parte de seus salários - no gabinete de Flávio na Alerj. O filho do presidente foi deputado estadual entre 2003 e janeiro de 2019, e Queiroz foi seu assessor entre 2007 e 2018.

Em meados de maio, a Polícia Federal afirmou que iria investigar a afirmação feita pelo empresário Paulo Marinho de que o senador Flávio Bolsonaro foi informado com antecedência de que a Operação Furna da Onça, que atingiu Queiroz, seria deflagrada.

Marinho é suplente de Flávio no Senado, pré-candidato à prefeitura do Rio de Janeiro pelo PSDB e foi uma figura importante na campanha presidencial de Bolsonaro.

A Furna da Onça, um desdobramento da Lava Jato, foi deflagrada em novembro de 2018. Flávio teria revelado a Marinho em 13 de dezembro de 2018 que soube antes da operação. À época, Queiroz estava sumido, e Flávio disse a seu suplente que mantinha contato indireto com Queiroz por meio de um advogado.

Em 6 de dezembro de 2018, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), um órgão do Ministério da Fazenda, detectou uma série de operações bancárias suspeitas de mais de sete dezenas de assessores e ex-assessores da Alerj. O documento foi produzido no âmbito da Furna da Onça.

Na lista constava o nome de Queiroz. O ex-assessor, que também é amigo de Jair Bolsonaro desde a década de 1980, logo passaria a ser personagem central da primeira crise do novo governo.

Segundo o relatório inicial do Coaf, Queiroz, que morava em um apartamento simples em um bairro de classe média baixa do Rio, movimentou 1,2 milhão de reais em um período de 12 meses entre 2016 e 2017, época em que estava lotado no gabinete de Flávio. O documento apontou que as movimentações eram "incompatíveis com o patrimônio, a atividade econômica ou ocupação profissional" de Queiroz.

O mesmo relatório detalhou as operações bancárias realizadas pelo ex-assessor. Entre elas estava o depósito de um cheque de 24 mil reais na conta da esposa do então presidente eleito, Michelle Bolsonaro. No total, Queiroz sacou dinheiro em 176 oportunidades, em 14 bairros do Rio. Vários dos saques eram idênticos e fracionados, o que levantou suspeitas de tentativa de ocultação.

O relatório ainda citou a filha de Queiroz, Nathalia Melo de Queiroz, que foi beneficiada pelos recursos movimentados pelo pai. Nathalia foi funcionária do gabinete do então deputado federal Jair Bolsonaro entre dezembro de 2016 e outubro de 2018.

Em março de 2019, Queiroz quebrou o silêncio, oferecendo à Justiça pela primeira vez explicações sobre as suspeitas de corrupção que pairavam sobre ele. O ex-assessor disse ao Ministério Público que recolhia parte dos salários de servidores do gabinete, mas negou ter se apropriado dos valores.

Segundo a explicação que Queiroz prestou por escrito ao MP-RJ, o dinheiro recolhido dos funcionários do gabinete era usado para contratar assessores informais e "expandir a atuação parlamentar" de Flávio nas bases eleitorais. O ex-assessor também afirmou que Flávio não sabia do esquema.

MD/ots

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