Fundador da Anvisa: "Carnaval pode gerar explosão de casos"
Gonzalo Vecina calcula que cerca de 60 milhões de pessoas ainda não têm nenhuma proteção contra a covid-19
A realização do Carnaval no ano que vem tem gerado opiniões divididas entre especialistas, autoridades e na sociedade em geral, assim como eventos promovidos pelo Poder Público de celebrações em Estados e municípios do Réveillon, em meio à quarta onda de covid-19 que assola países da Europa.
O médico sanitarista e fundador da Anvisa, Gonzalo Vecina Neto, em entrevista ao Terra, fez ponderações quanto à realização das festividades, principalmente pela falta de protocolos sanitários vistos em aglomerações deste tipo, a falta de controle de pessoas já imunizadas e também pelo grande contingente populacional que avalia estar totalmente suscetível a se infectar pelo vírus da covid-19.
Segundo o Vecina, se for permitido ou incentivadas aglomerações, com muitas pessoas na rua sem separação dos vacinados e não vacinados nestes eventos, poderá haver uma explosão de casos.
Vecina calcula que cerca de 60 milhões de pessoas ainda não têm nenhuma proteção contra o novo coronavírus, seja porque não foram vacinadas ou porque ainda não foram expostas à doença. “30% de 200 milhões de pessoas são 60 milhões de pessoas, é muita gente. E a probabilidade de ocorrer uma explosão de casos se as pessoas não usarem máscara, se aglomerarem, como ocorre no réveillon, no Carnaval, é muito grande.”
E continua. “Estamos em uma situação boa agora, mas temos que manter o mínimo de respeito por uma doença que continua existindo, ela não desapareceu, ela está aí".
Capitais brasileiras com tradição carnavalesca, como mostrou o jornal Estadão, mantêm sob dúvidas a realização da festa em 2022 no momento em que a Europa já enfrenta uma quarta onda de covid-19. Entre as grandes cidades, só o Rio de Janeiro confirmou o Carnaval no ano que vem.
Em São Paulo, a decisão será tomada até o final do ano, de acordo com o secretário municipal da Saúde, Edson Aparecido, a partir do cenário epidemiológico e vacinal. O prefeito de Recife, João Campos (PSB), chegou a propor a criação de um comitê de prefeitos de capitais, incluindo Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte. A capital mineira já anunciou que não vai patrocinar a festa, como de costume. Salvador ainda não confirmou o evento.
Nesta quinta, 25, o presidente Jair Bolsonaro chegou a se manifestar sobre o assunto e disse que, por ele, não haveria Carnaval em 2022. "Por mim, não teria Carnaval. Mas tem um detalhe, quem decide não sou eu. Segundo o STF, quem decide são os governadores e prefeitos", afirmou Bolsonaro em entrevista à Rádio Sociedade da Bahia.