Gilmar Mendes volta a criticar militares na Saúde; Mourão pede retratação
O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, divulgou uma nota nesta terça-feira em que reafirma seu respeito às Forças Armadas, mas repete as críticas que fez ao envolvimento do Exército no atendimento à saúde em meio à epidemia de coronavírus.
No texto, o ministro afirma que é preciso analisar com cuidado o papel que está sendo atribuído às instituições nesse momento e que em sua fala no sábado, durante live organizada pela revista IstoÉ, destacou que "as Forças Armadas estão, ainda que involuntariamente, sendo chamadas a cumprir missão avessa ao seu importante papel enquanto instituição permanente de Estado".
No sábado, o ministro afirmou que o Exército estava se associando a um genocídio ao assumir o Ministério da Saúde e a resposta do governo federal à epidemia de coronavírus.
A fala levou à uma nota dura do Ministério da Defesa, em que o ministro Fernando Azevedo e Silva informou que seria pedido à Procuradoria-Geral da República a abertura de procedimento contra o ministro.
Nesta terça, Mendes respondeu, mais uma vez, as críticas, dessa vez diretamente. No domingo ele havia usado sua conta no Twitter para dizer que respeitava as Forças, mas não retirou a crítica.
"Reforço, mais uma vez, que não atingi a honra do Exército, da Marinha ou da Aeronáutica. Aliás, as duas últimas nem sequer foram por mim mencionadas. Apenas refutei e novamente refuto a decisão de se recrutarem militares para a formulação e execução de uma política de saúde que não tem se mostrado eficaz para evitar a morte de milhares de brasileiros", escreveu o ministro.
O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, que já havia criticado Mendes na segunda-feira, disse nesta terça, em entrevista à CNN Brasil, que o ministro "exagerou demais" e deveria pedir desculpas às forças.
"Se ele tiver grandeza moral, ele tem que se retratar", disse Mourão.
O vice-presidente disse ainda que não é hora de tirar do cargo o general Eduardo Pazuello, que está há dois meses como ministro interino da Saúde.
"Não é o momento agora. Espera a pandemia arrefecer e aí troca", defendeu.