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Grupo de petistas ainda quer tentar aliança com Ciro, apesar de clima pesado com pedetista

2 ago 2018 - 20h37
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Apesar do clima ruim depois da negociação que retirou o PSB do caminho de uma possível aliança com Ciro Gomes (PDT), um grupo de petistas ainda não desistiu de uma aliança com o pedetista para compor uma chapa com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e que poderia até mesmo levá-lo a assumir a candidatura com a provável impugnação do ex-presidente, disse à Reuters uma fonte com conhecimento do assunto.

Candidato do PDT à Presidência, Ciro Gomes
20/07/2018
REUTERS/Ueslei Marcelino
Candidato do PDT à Presidência, Ciro Gomes 20/07/2018 REUTERS/Ueslei Marcelino
Foto: Reuters

A ideia de Ciro ser vice de Lula foi tratada pela presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), com o presidente do PDT, Carlos Lupi, em uma reunião que participavam também PSB e PCdoB na tarde de terça-feira, em Brasília, mas não da maneira com que esse grupo de petistas planejava.

A proposta pegou Lupi de surpresa, a ponto do pedetista achar que era uma brincadeira, disse à Reuters uma outra fonte. Ao entender que Gleisi falava sério, Lupi afirmou que essa proposta deveria ter sido feita há duas semanas, antes da convenção do PDT que oficializou a candidatura de Ciro.

"Foi uma proposta feita para se abrir uma negociação. Mas o PT não fala em substitutos para o presidente Lula. Isso não foi posto", disse essa segunda fonte.

Dividido, o PT ainda não conseguiu chegar a um caminho sobre como tratar o fato de que Lula, apesar da insistência do partido, não deverá conseguir ser candidato porque deverá ser enquadrado na Lei de Ficha Limpa por ser condenado em segunda instância.

Um grupo de petistas que tem proximidade com o ex-presidente, preso há mais de 100 dias em Curitiba, ainda tenta negociar com Ciro a ideia de que ele aceite ser vice de Lula e, enquanto a candidatura não for impugnada, seja a cara da campanha no país, com apoio do PT. Com a impugnação, a candidatura de Ciro seria mantida e o PT indicaria um vice-presidente.

A ideia uniria os principais partidos de esquerda e poderia levar para o grupo também o PSB que, depois de um acordo com o PT pretende adotar a neutralidade nesta eleição. Além disso, poderia transferir a Ciro parte do eleitorado de Lula, que ainda aparece com cerca de 30 por cento das intenções de voto nas pesquisas, mesmo preso.

"Ainda não se desistiu dessa possibilidade. Se tem aí até o final de semana para conversar, mas é preciso encontrar espaço no PDT para escutarem", disse a primeira fonte.

A maneira com que Gleisi apresentou a ideia incomodou o PDT e seria necessário ainda abrir um novo canal de diálogo. Em um evento nesta quinta em São Paulo, Ciro afirmou que a ideia de ser vice de Lula seria uma "aberração". Na noite de quarta, em entrevista à Globo News, o candidato disse se sentir frustrado com o tratamento que recebe do PT, que classificou de "miudeza".

A ideia também enfrenta resistência dentro do próprio PT. Parte do partido ainda defende que deve liderar a esquerda no país e encabeçar qualquer acordo para uma aliança de esquerda, apesar das dificuldades e denúncias que enfrentou nos últimos anos e da prisão de seu maior líder.

A Reuters procurou diversas vezes, por telefone e mensagem, o presidente do PDT e o coordenador de campanha de Ciro Gomes, seu irmão Cid Gomes, mas não teve resposta.

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