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Haddad cobra participação de Bolsonaro em debates e diz que vai "até em uma enfermaria" se necessário

10 out 2018 - 11h34
(atualizado às 13h55)
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O candidato do PT à Presidência, Fernando Haddad, cobrou de seu adversário, Jair Bolsonaro (PSL), a participação em debates e disse que irá "até uma enfermaria" para debater com ele os problemas do Brasil.

O candidato do PT à Presidência, Fernando Haddad, durante entrevista a jornalistas em São Paulo
10/10/2018
REUTERS/Amanda Perobelli
O candidato do PT à Presidência, Fernando Haddad, durante entrevista a jornalistas em São Paulo 10/10/2018 REUTERS/Amanda Perobelli
Foto: Reuters

"Nosso receio é que ele busque subterfúgios para não debater. Eu estou disposto a ir até uma enfermaria para debater com ele", disse o petista em entrevista coletiva, em São Paulo.

Haddad afirmou que em um debate não há como se "acovardar" e que é preciso discutir cara a cara os problemas do Brasil e os programas de governo.

O candidato foi informado ao final da entrevista que uma junta médica não liberou Bolsonaro para atividades de campanha, e repetiu sua disposição.

"Eu vou na enfermaria em que ele estiver. Não tenho problema em tratar nenhum tema, mas vamos tratar como adultos, não fazendo criancice na internet", disse Haddad. "Faço o que ele quiser para ele fale o que pensa."

Haddad criticou ainda a postura de Bolsonaro em relação a casos de violências, como o assassinato do Mestre Moa, mestre capoeirista, em Salvador, por um simpatizante do candidato do PSL, em meio a uma discussão política. Bolsonaro afirmou que lamentava mas não podia controlar seus apoiadores.

"As pessoas têm falado muito de direitos trabalhistas e sociais, mas os civis e políticos também estão ameaçados. Temos que conter essa escalada de violência e tem que ser pelo voto. Não podemos responder com violência à violência", defendeu.

O petista afirmou ainda saber que será necessário buscar apoios além do que chama partidos progressistas --PSOL, PSB e PDT-- para vencer Bolsonaro no segundo turno e disse que trabalha para obter outros apoios na sociedade.

"Temos convicção de que temos que ampliar (o apoio) para expressivos setores da sociedade. Então entendemos que, para além das forças políticas, temos que ampliar o conjunto de apoios sociais", afirmou.

VENEZUELA

Haddad foi questionado algumas vezes sobre sua posição em relação à Venezuela, que enfrenta uma crise social e uma escalada autoritária. O petista evitou responder se considera o país hoje uma ditadura e repetiu que o Brasil não pode interferir ou tomar partido em questões internas, mas sim servir de mediador.

"O papel do Brasil é de líder do continente. Devemos ajudar países que estão com problemas a encontrar o caminho da soberania nacional. Não precisamos tomar partido", afirmou.

Disse ainda que não poderia, por exemplo, autorizar uma base dos Estados Unidos no Brasil, na fronteira venezuelana, porque o Brasil não ganharia nada com isso.

"Quem ganharia seriam as petroleiras americanas. Onde tem petróleo é preciso ter juízo", disse, alegando que o interesse crescente dos Estados Unidos na região seria por conta do petróleo venezuelano.

ERROS DO PT

Haddad foi mais uma vez questionado sobre a necessidade de um mea-culpa sobre os erros de seu partido nos últimos anos, e afirmou que já falou e escreveu várias vezes sobre isso. Elencou entre os erros, por exemplo, a política de desonerações adotada pela então presidente Dilma Rousseff.

No entanto, o maior erro petista, na sua visão, foi o partido não ter feito uma reforma política no início do governo Lula, e ter acabado com o financiamento privado de campanhas.

"Isso abriu brechas para que pessoas em todo sistema político se comportassem de maneira equivocada. O financiamento empresarial deu problema em todos os lugares onde existiu", disse. "Tínhamos que ter enfrentado isso na primeira hora. Não há como controlar isso, então tem que proibir."

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