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Heleno usa redes sociais para reafirmar crítica a Congresso

19 fev 2020 - 18h26
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Depois de ser pego em um áudio acusando o Congresso de chantagem, o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, usou as redes sociais para repetir as reclamações contra o Legislativo e afirmou que deputados e senadores prejudicam "a atuação do Executivo" e isso "contraria os preceitos de um regime presidencialista."

Ministro do GSI, Augusto Heleno
10/07/2019
REUTERS/Adriano Machado
Ministro do GSI, Augusto Heleno 10/07/2019 REUTERS/Adriano Machado
Foto: Reuters

"Se quiserem parlamentarismo que mudem a Constituição", escreveu o general.

Na manhã de terça-feira, enquanto esperava o presidente Jair Bolsonaro para a cerimônia de hasteamento da bandeira, em frente ao Palácio da Alvorada, Heleno, em conversa com os ministros Paulo Guedes (Economia) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), foi pego dizendo aos colegas: "Nós não podemos aceitar esses caras chantageando a gente o tempo todo. F..."

Apesar de ter chamado, no Twitter a fala de uma "invasão de privacidade", na verdade Heleno foi pego na live que os assessores do presidente fizeram da entrevista dada por Bolsonaro e da cerimônia. Enquanto o assessor filmava o desfile dos soldados, o ministro fala ao lado da câmera e a live pega claramente o áudio.

"Externei minha visão sobre as insaciáveis reivindicações de alguns parlamentares por fatias do Orçamento impositivo, o que reduz, substancialmente, o Orçamento do Poder Executivo e de seus respectivos ministérios", disse o ministro no Twitter, ressaltando que essa opinião é sua e não foi discutida com o presidente.

A revolta do general era relacionada ao acordo anunciado na semana passada para que os parlamentares derrubassem apenas parcialmente o veto presidencial ao Orçamento impositivo, que obriga o Executivo a gastar o que está previsto no texto, incluindo o empenho de 687 milhões de reais em emendas de comissões temáticas da Câmara e do Senado.

Pelo acordo costurado com os presidentes da Câmara e do Senado, o governo enviaria um projeto de lei para retirar das emendas de relator e devolver aos ministérios 11 bilhões de reais de verbas discricionárias, mas deixaria 20 bilhões de reais para as emendas.

Com isso, os parlamentares derrubariam apenas uma parte do veto, o que tiraria a obrigatoriedade de pagamento das emendas em 90 dias e crime de responsabilidade no caso de não pagamento. O governo terminou por não cumprir sua parte e os parlamentares ameaçam derrubar integralmente o veto.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), reagiu duramente à fala do ministro, que classificou de infeliz.

"Uma pena que o ministro com tantos títulos tenha se transformado em um radical ideológico, contra a democracia, contra o Parlamento. Eu não vi por parte dele nenhum tipo de ataque ao Parlamento quando a gente estava votando o salário dele, como militar da reserva" criticou Maia.

De acordo com o presidente da Câmara, essa não é a primeira vez que Heleno faz esse tipo de crítica à Casa, apenas a primeira que se torna público.

"Talvez ele estivesse melhor em um gabinete de rede social tuitando, agredindo, como ele tem feito ao Parlamento nos último meses. Não é a primeira vez que ele ataca, só que dessa vez veio a público", disse. "Se esse Parlamento quisesse apenas deixar as coisas correrem soltas esse governo não ganhava nada aqui dentro."

Em reação ao caso, os grupos bolsonaristas nas redes sociais saíram em defesa do general, chegando a colocar a hashtag "somosTodosGenHeleno" nos principais tópicos do Twitter.

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