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Identidade do torturador de Stuart Angel é revelada 42 anos depois

22 set 2013 - 09h25
(atualizado às 09h26)
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Conhecido ao longo da história como suboficial “Abílio Alcântara”, de codinome “Pascoal”, um dos algozes de Stuart Angel Jones foi revelado após um cruzamento de dados envolvendo depoimentos e documentos do Serviço Nacional de Informação (SNI). Segundo reportagem do jornal O Globo, o então suboficial do Centro de Informações de Segurança da Aeronáutica (Cisa) se chama Abílio, mas possui outro sobrenome. A verdadeira identidade seria do sargento da Aeronáutica Abílio Correa de Souza, apontado como um dos principais personagens tanto da captura, como tortura e morte do filho da estilista Zuzu Angel em 1971. 

O ex-preso político Alex Polari de Alverga denuncia há 42 anos que presenciou o momento em que o amigo foi preso por agentes da Aeronáutica, na manhã de 14 de junho de 1971, no Grajaú, zona norte do Rio. De acordo com a publicação, Abílio estava entre os agentes que atuaram na prisão de Stuart. Souza chegou a fazer cursos de inteligência no Panamá em 1968 e, de acordo com relato dos presos, ele seria uma espécie de braço-direito do coronel Ferdinando Muniz de Farias, o doutor Luís, apontado como o homem de confiança do brigadeiro Carlos Affonso Dellamora, comandante do Cisa.

Uma nova testemunha do caso contou que o sargento Souza foi o último agente a falar com Stuart, já em sua agonia. Ex-presa política, Maria Cristina de Oliveira Ferreira diz que não viu a cena, mas ouviu os gemidos de Angel, que era dirigente do grupo guerrilheiro Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8).  “O Pascoal falou pra ele: ‘deixa de frescura, Paulo (codinome de Stuart no MR-8). Você não vai morrer ainda não. Toma aqui um melhoral’”, disse a testemunha, que revelou ainda que Stuart ficou em silêncio e, em seguida, ela ouviu um barulho semelhante à retirada de um corpo.

<a data-cke-saved-href="http://www.terra.com.br/noticias/infograficos/desaparecidos-da-ditadura/" href="http://www.terra.com.br/noticias/infograficos/desaparecidos-da-ditadura/">Desaparecidos da ditadura</a>

Outros presos políticos confirmam o poder exercido por Souza na carceragem. Além de Souza, os cabos reformados Luciano José Marinho de Melo e Cláudio de Almeida Aguiar também são citados como integrantes das equipes do Cisa em 1971. Ao jornal, Luciano disse que foi apenas motorista do gabinete do ministro da Aeronáutica até 1984. Já Aguiar, citado como torturador, não foi localizado.

Relatos de presos e documentos do projeto Brasil Nunca Mais e do Arquivo Nacional ainda apontam que policiais da Delegacia de Ordem Politica e Social do Rio participaram da captura de integrantes do MR-8. Segundo documentos obtidos pelo jornal, o desaparecimento de Stuart foi amplamente documentado pelos militares. Um documento datado de 14 de setembro de 1971 teria, como assunto, “Stuart Angel Jones – Falecido”. Classificado como confidencial, traz a seguinte declaração: “Apenso, encaminho documentação para fins de prontuário referente ao epigrafado, bem como de outros elementos subversivos arrolados nos processos de apuração de delitos cometidos por alguns deles”, informa o texto, que apresenta apenas três páginas.

Já outro documento da Agência São Paulo do SNI, o nome de Stuart aparece junto a outros 89 nomes de guerrilheiros mortos seguidos por datas das mortes. De acordo com o documento, o filho da estilista teria morrido no dia 16 de maio de 1971, ou seja, dois dias após sua prisão. O paradeiro do corpo, no entanto, nunca foi informado.

Fonte: Terra
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