Israel ajuda Brasil a impedir ataque de célula do Hezbollah no país
Por Rodrigo Viga Gaier e Gabriel Stargardter
RIO DE JANEIRO (Reuters) -A agência de espionagem israelense Mossad trabalhou com os serviços de segurança brasileiros e outras agências internacionais para frustrar um ataque a judeus no Brasil, planejado pelo grupo militante Hezbollah, que é apoiado pelo Irã, disse o gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, nesta quarta-feira.
A Polícia Federal disse em um comunicado que prendeu duas pessoas, cujos nomes não foram divulgados, sob acusações de terrorismo em São Paulo. Eles também cumpriram mandados de busca e apreensão nos Estados de São Paulo, Minas Gerais e no Distrito Federal.
O Mossad agradeceu aos serviços de segurança brasileiros pelo seu papel em ajudar a impedir o ataque.
"Os serviços de segurança do Brasil, juntamente com o Mossad e... outras agências internacionais de segurança e fiscalização, frustraram um ataque terrorista no Brasil, que foi planejado pela organização terrorista Hezbollah, dirigida e financiada pelo regime iraniano", afirmou.
O Mossad disse que a "célula terrorista... era operada pelo Hezbollah para realizar um ataque contra alvos israelenses e judeus no Brasil".
O Hezbollah, um grupo apoiado pelo Irã no Líbano, não pôde ser contatado de imediato para comentar o assunto, nem o governo iraniano.
O Brasil tem relativamente pouca história de extremismo doméstico.
Em 2017, oito homens brasileiros com ligações ao Estado Islâmico foram condenados por planejarem ataques durante as Olimpíadas do Rio de 2016, após uma denúncia do FBI norte-americano.
Em 2021, o Departamento do Tesouro dos EUA designou três homens no Brasil como membros de uma rede afiliada à Al Qaeda. As autoridades dos EUA também acompanham de perto a região da Tríplice Fronteira entre Brasil, Argentina e Paraguai, que abriga uma grande comunidade da diáspora libanesa e uma base para grupos de contrabando e outros grupos do crime organizado.
A operação da Polícia Federal ocorre em meio a crescentes preocupações com a segurança global, após o ataque de 7 de outubro do Hamas ao sul de Israel e o subsequente bombardeio da Faixa de Gaza pelos militares israelenses.
Líderes judaicos disseram à Reuters no mês passado que notaram um aumento no discurso antissemita na internet em meio a um aumento global mais amplo de antissemitismo desde que o conflito começou.
"Acompanhamos com apreensão e preocupação esta operação da Polícia Federal no dia de hoje. O Brasil não tem histórico de terrorismo e esperamos que o conflito no Oriente Médio não seja importado para cá", disse Ricardo Berkiensztat, presidente-executivo da Federação Israelita de São Paulo.
O Hezbollah foi criado pela Guarda Revolucionária do Irã em 1982 para combater as forças israelenses que invadiram o Líbano. O poderoso grupo fortemente armado tem assentos no Parlamento e no governo e atua como ponta de lança do Irã no Líbano e na região.
Desde o ataque de 7 de outubro, o Hezbollah tem enfrentado as forças israelenses ao longo da fronteira, na escalada mais mortal desde que travou uma guerra com Israel em 2006.
O Hezbollah foi designado como organização terrorista pela Argentina, Reino Unido, Canadá, Alemanha, Honduras e Estados Unidos, bem como pela maioria dos Estados do Golfo aliados dos EUA. O ex-presidente Jair Bolsonaro disse em 2019 que planejava rotular o Hezbollah também como organização terrorista, mas isso não se concretizou.