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Jefferson diz acreditar em segundo turno entre Alckmin e Bolsonaro

24 set 2018 - 16h49
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O presidente do PTB, Roberto Jefferson, afirmou nesta segunda-feira à Reuters que acredita que ainda há chances de o presidenciável do PSDB, Geraldo Alckmin, ir para o segundo turno contra o candidato do PSL, Jair Bolsonaro, mas adiantou que deverá convocar a Executiva do partido para decidir quem apoiar, caso o tucano não passe para a segunda rodada.

Presidente do PTB, Roberto Jefferson
28/07/2018
REUTERS/Ueslei Marcelino
Presidente do PTB, Roberto Jefferson 28/07/2018 REUTERS/Ueslei Marcelino
Foto: Reuters

"Acho que nós temos que manter viva a esperança ainda, dos discursos clarearem. Mantenho a minha aposta no Geraldo Alckmin", disse o petebista em entrevista à Reuters por telefone, ao considerar consolidado no segundo turno apenas Bolsonaro.

Mesmo detentor da maior aliança de partidos, que lhe deu quase metade do horário eleitoral de rádio e TV, Alckmin tem aparecido nas últimas pesquisas de intenção de voto numericamente em quarto lugar, atrás de Ciro Gomes e distante de Bolsonaro e do petista Fernando Haddad. O PTB foi o primeiro partido a fechar formalmente coligação com o PSDB de Alckmin.

Para o presidente do PTB, a propaganda de Alckmin "acertou agora" ao fazer uma campanha mais incisiva na televisão tanto contra Bolsonaro como Haddad. A falta de contundência tem sido uma das principais críticas dos aliados ao programa do tucano que tem ido ao ar no rádio e na TV.

"Ele acertou agora (na propaganda), é o caminho que tem que buscar, o que há em um lado e no outro", disse Jefferson.

Questionado se acredita em um segundo turno entre Bolsonaro e Alckmin, dois candidatos que poderiam ocupar o espectro político da direita, Jefferson afirmou considerar o tucano um candidato de centro-esquerda.

A 13 dias do primeiro turno, ele também disse que não acredita que o candidato do PSDB vá ser abandonado na reta final da campanha por aliados interessados em apoiar outras candidaturas mais competitivas, a chamada cristianização do voto.

"Não creio que ele seja cristianizado não. Ele tem a força de São Paulo com ele e não é um brincalhão", disse Jefferson.

O presidente do PTB disse que Bolsonaro se tornou um "fenômeno" nesta eleição e se consolidou ainda mais com a emoção, após a tentativa de assassinato dele. "Ele fala o que o povo quer, o projeto eleitoral é o que o povo quer ouvir, defesa da família, educação voltada para a tradição judaico-cristã. O povo está cansado de proselitismo", disse.

SEGUNDO TURNO

Autor das denúncias do mensalão, que desembocou na maior crise política do governo Lula em 2005, Jefferson não quis opinar sobre quem apoiaria no segundo turno, caso Alckmin não passe. Disse que vai consultar a Executiva do partido.

"Vou esperar que a Executiva decida, não me force a tomar uma posição agora", disse.

O dirigente partidário, entretanto, avaliou que uma decisão do PTB pode ser influenciada por questões das legendas nos Estados. Em Pernambuco, por exemplo, o senador Armando Monteiro (PE) é candidato ao governo estadual e pode ir ao segundo turno contra o candidato à reeleição, Paulo Câmara (PSB), que é apoiado no Estado pelo PT.

"Vamos aguardar", limitou-se a dizer.

O petebista disse que não há qualquer motivo para temor de ameaça para a democracia com uma eventual ascensão de Bolsonaro, que é ligado aos militares, ao poder. Segundo ele, os militares são parte da elite nacional e não tem "vocação" para o autoritarismo.

"Militar não é autoritário, não tem essa vocação dos tenentes, da década de 30. Não vamos ter esse retrocesso", afirmou, numa referência ao movimento liderado por tenentes na primeira metade do século do passado, sem mencionar o regime militar, que perdurou no Brasil entre 1964 e 1985.

Jefferson também destacou não ter "preocupação nenhuma" com as declarações do candidato a vice de Bolsonaro, o general da reserva do Exército Hamilton Mourão. Entre outras coisas, Mourão se mostrou a favor de uma constituinte sem a presença de representantes eleitos pelo voto e falou em autogolpe.

"Eu tenho mais preocupação com esses manifestos de totalitarismo de esquerda, isso é muito ruim", disse, ao considerar que isso que prejudica a possibilidade de crescimento econômico do país.

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