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João de Deus é condenado a 19 anos de prisão por crimes sexuais

19 dez 2019 - 16h48
(atualizado às 16h52)
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É a primeira sentença imposta ao "médium" relacionada à enxurrada de denúncias por abuso sexual. Ele já tinha uma condenação por posse ilegal de armas de fogo. Nesta semana, completou um ano de prisão.O "médium" João Teixeira de Faria, que se apresentava como "João de Deus", foi condenado nesta quinta-feira (19/12) a 19 anos e quatro meses de prisão por crimes sexuais cometidos contra quatro mulheres. Os crimes ocorreram durante atendimentos no centro espiritual que ele mantinha em Abadiânia, em Goiás.

Essa é a primeira sentença contra João de Deus relacionada à série de acusações de abuso sexual que surgiram contra o "médium" no final de 2018. Ele está preso no Complexo Prisional Aparecida de Goiânia, em Goiás, desde 16 de dezembro daquele ano. Em novembro, João de Deus já fora condenado a quatro anos de prisão em regime aberto, por posse ilegal de armas de fogo.

No total, o Ministério Público de Goiás apresentou 13 denúncias contra o "médium", 11 delas envolvendo acusações relacionadas a crimes sexuais. Outras duas envolvem posse de armas de fogo e munições. Os processos relatam abusos contra 57 mulheres. Outras 87 são citadas como testemunhas, nesses casos os crimes já prescreveram.

João de Deus, de 77 anos, realizava cultos espirituais desde 1976, sendo responsável por supostas "curas milagrosas" na Casa Dom Inácio de Loyola, uma espécie de templo que se tornou ponto de peregrinação de milhares de consulentes por mês.

A reputação de João ultrapassou as fronteiras do Brasil. Em 2012, por exemplo, foi visitado pela então apresentadora de televisão americana Oprah Winfrey. Três ex-presidentes brasileiros, Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff e Michel Temer, também procuraram as consultas espirituais de João por questões de saúde.

Em dezembro de 2018, no entanto, denúncias revelaram que o centro espiritual de João era uma fachada para a perpetração de abusos. A coreógrafa holandesa Zahira Lieneke e outras 13 mulheres relataram, em entrevistas à TV Globo, terem sido vítimas de abuso sexual por parte de João de Deus. Seguiu-se uma avalanche de relatos de vítimas.

Em poucos dias, o Ministério Público de Goiás recebeu 240 denúncias de outras mulheres. Os promotores de Goiás acabaram criando uma força-tarefa para recolher depoimentos e investigar os casos. O promotor Luciano Miranda, que coordena a força-tarefa do MP-GO, encarregada dos crimes, diz acreditar tratar-se de um dos maiores casos de abuso sexual já registrados no Brasil.

João de Deus nega as acusações. Houve, ainda, relatos vindos de seis países: Alemanha, Austrália, Bélgica, Bolívia, Estados Unidos e Suíça. As autoridades também passaram a investigar a movimentação de cerca de 35 milhões de reais nas contas de João de Deus.

JPS/ots

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