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Juiz da Lava Jato quer “férias” e critica “debate ofensivo”

“Ninguém tem prazer em condenar criminalmente alguém; não sou nenhuma besta-fera”, disse Sérgio Moro em congresso de jornalistas em SP

3 jul 2015 - 14h29
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Juiz Sérgio Moro vê “com preocupação” os discursos de ódio em relação a presos e denunciados da operação Lava Jato
Juiz Sérgio Moro vê “com preocupação” os discursos de ódio em relação a presos e denunciados da operação Lava Jato
Foto: Fernando Diniz / Terra

O juiz federal Sérgio Moro disse nesta sexta-feira (03), em São Paulo, que vê “com preocupação” os discursos de ódio em relação a presos e denunciados da operação Lava Jato – processo que ele chefia na Justiça Federal do Paraná. “Eu vejo com preocupação certa polarização excessiva e acirramento dessas discussões. Tento trabalhar com profissionalismo, não me lembro de ter sido ofensivo com qualquer pessoa”, declarou o magistrado. 

“Vejo com preocupação quando o debate cai para um nível ofensivo em relação a investigados do PT e até à minha pessoa”, disse.

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Moro falou como convidado do 10º Congresso da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), realizado desde ontem na capital paulista. O juiz foi entrevistado pelo jornalista Roberto D’Ávila na sessão batizada pelo evento de “Combate à corrupção e acesso à informação”.

Em mais de uma oportunidade, Moro, natural de Maringá, no interior do Paraná, rechaçou a condição de “celebridade” e defendeu transparência aos processos judiciais – a menos, ressalvou, nas condições em que o sigilo é necessário.

“Os processos em regra devem ser públicos. Processos de crimes contra administração pública devem ser mais públicos ainda”, opinou, para ressalvar: “Todo mundo tem que ser tratado com respeito, independentemente das circunstâncias”.

Indagado se “a ânsia de fazer justiça” não pode fazer com que passos sejam tomados fora do tempo, o magistrado se esquivou: “O juiz tem que se auto-policiar contra excessos, isso é uma vigilância constante. Eventualmente podem ocorrer erros, mas o sistema pode corrigir esses erros”.

Durante os cerca de 60 minutos de entrevista – com perguntas da plateia, nos 15 minutos finais –, Moro rechaçou a condição de celebridade, ainda que, em manifestações recentes em cidades como São Paulo e Rio, ele tenha sido evocado por manifestantes contrários ao PT e à corrupção investigada na Petrobras. Mesmo em protestos que defenderam o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), em abril passado, faixas manifestando apoio ao juiz foram levadas à avenida Paulista.

As principais notícias da manhã no Brasil e no mundo (03/07):

Moro nega ser "celebridade"

Questionado sobre temas como a redução da maioridade penal – votada esta semana na Câmara Federal –, Moro evitou emitir opinião alegando não ser “uma celebridade”. “Não opinaria sobre isso; há uma tendência de as pessoas quererem saber minha opinião sobre tudo”, disse. Minutos antes, perguntado sobre o porquê de usar basicamente camisas pretas, já dissera: “Não sou uma celebridade para ditar moda, muito pelo contrário”. Sobre o que faz nas horas vagas, definiu: “Uma questão é o juiz, outra questão é a pessoa. O stress diário tem sido grande pela responsabilidade do trabalho e isso tem reflexos na vida pessoal. Mas meu cotidiano é bastante banal, não diferente da maioria ou totalidade das pessoas”.

Como quer ser julgado pela história? “Minha preocupação não é essa, mas terminar meu trabalho e tirar longas férias. Ninguém tem prazer em condenar criminalmente alguém; não sou nenhuma besta-fera”, encerrou. 

Fonte: Terra
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