Justiça condena hacker Walter Delgatti a 20 anos de prisão por vazar mensagens da Lava Jato
A Justiça Federal do Distrito Federal condenou nesta segunda-feira o hacker Walter Delgatti Neto a 20 anos e um mês de prisão por invadir e vazar mensagens de autoridades que conduziram a Lava Jato, em um caso que ficou conhecido como "Vaza Jato" e que contribuiu para a anulação de condenações no âmbito da operação.
As mensagens vazadas da Lava Jato contribuíram para que o Supremo Tribunal Federal (STF) anulasse uma série de investigações contra alvos da operação, entre eles do atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Lula, que ficou preso por 580 dias por uma condenação no âmbito da operação, só pode concorrer à Presidência no ano passado após a anulação das condenações.
Delgatti havia sido denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF) por suspeita de liderar o esquema de invasão de celulares de procuradores da Lava Jato e do então juiz do caso, o atual senador Sérgio Moro.
"Culpabilidade em grau exasperado, já que seus ataques cibernéticos foram direcionados a diversas autoridades públicas, em especial agentes responsáveis pela persecução penal, além de diversos outros indivíduos que possuem destaque social, bastando verificar as contas que tiveram conteúdo exportado", disse o juiz Ricardo Augusto Soares Leite na sentença.
Procurada, a defesa de Delgatti não respondeu de imediato a pedido de comentário.
Na semana passada, o hacker -- que está preso preventivamente por outro caso, de suspeita de invasão de sistemas do Poder Judiciário -- disse à CPI mista do 8 de janeiro que o então presidente Jair Bolsonaro lhe ofereceu um indulto em troca de colocar em dúvida a lisura das urnas eletrônicas e de assumir a autoria de um suposto grampo telefônico contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF.
A defesa de Bolsonaro negou irregularidades e disse que iria mover uma queixa-crime contra o hacker.