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'Justiça se equilibra para não tornar Bolsonaro mártir', diz jornal argentino

Notícia sobre a operação da PF contra Jair Bolsonaro e alguns de seus mais próximos aliados foi assunto em diversos jornais e canais de televisão pelo mundo.

9 fev 2024 - 09h50
(atualizado às 11h12)
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Bolsonaro no dia das eleições presidenciais em 2022
Bolsonaro no dia das eleições presidenciais em 2022
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

A notícia sobre a operação da Polícia Federal contra Jair Bolsonaro e alguns de seus mais próximos aliados e ex-ministros foi assunto em diversos jornais e canais de televisão pelo mundo.

Em um texto analítico publicado nesta quinta-feira (8/2), o jornal argentino La Nación classificou as ordens de prisão e mandados de busca e apreensão executados pelo PF como "o golpe mais duro sobre o bolsonarismo" até hoje.

O veículo também ouviu fontes do Supremo Tribunal Federal (STF) que entendem que qualquer ação contra o ex-presidente Bolsonaro "deve ser 'calculada' para evitar a construção de um 'mártir político'".

A PF diz que as pessoas investigadas na operação, batizada de Tempus Veritatis e autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, buscavam "a manutenção do então presidente da República (Bolsonaro) no poder" por meio do planejamento de um golpe de Estado.

Entre os alvos da polícia estão o próprio ex-presidente, que teve seu passaporte apreendido e não pode fazer contato com outros investigados, além de diversos aliados.

Três deles já foram presos preventivamente: Filipe Martins, ex-assessor para assuntos internacionais de Bolsonaro; o coronel do Exército Marcelo Câmara, ex-assessor especial da Presidência; e o major do Exército Rafael Martins de Oliveira. Também há um mandado de prisão contra o coronel do Exército Bernardo Romão Correa Neto, que está no momento no exterior.

Ainda foram alvo de mandados de busca e apreensão no círculo de aliados mais próximos de Bolsonaro: general Augusto Heleno, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI); general Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil e vice na chapa de Bolsonaro em 2022; Valdemar da Costa Neto, presidente do PL, pelo qual Bolsonaro disputou a reeleição; Anderson Torres, ex-ministro da Justiça; general Paulo Sérgio Nogueira, ex-comandante do Exército e ex-ministro da Defesa; e o almirante Almir Garnier Santos, ex-comandante-geral da Marinha.

Valdemar da Costa Neto foi preso em flagrante durante a operação por posse ilegal de arma de fogo.

Segundo o editoral do La Nación, assinado pelo correspondente do jornal em Brasília, Moraes "deu um passo ambicioso para atingir criminalmente o cerne do bolsonarismo" ao autorizar a operação.

"A operação desta quinta-feira, autorizada pelo ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, inimigo de Bolsonaro, foi batizada pela Polícia Federal de 'Tempus Veritatis' (hora da verdade, em latim), um reconhecimento de que a situação do ex-presidente e seus aliados é cada vez mais delicada", diz o texto.

"Com as prisões e o material recolhido, o 'momento da verdade' sobre o alegado plano golpista pode estar mais próximo de ser exposto."

'Revés para o partido'

O La Nación também classificou os acontecimentos desta quinta-feira como um "revés para o Partido Liberal (PL)" diante das eleições municipais marcadas para outubro.

"A operação policial também foi um revés para o Partido Liberal (PL), onde estão reunidos os líderes bolsonaristas mais próximos do ex-presidente, em um ano de eleições municipais em que o partido pretende alavancar o seu número de prefeituras para preparar o terreno para as eleições presidenciais de 2026."

A sede do PL foi um dos locais visitados pela PF. Segundo o portal G1, a polícia encontrou no local um documento, não assinado, que defendia e anunciava a decretação de um estado de sítio e da garantia da lei e da ordem no país.

Segundo o La Nación, a polícia entende que o escritório do PL em Brasília "serviu de sede para a fracassada trama golpista".

Texto publicado no jornal La Nación
Texto publicado no jornal La Nación
Foto: Reprodução / La Nación / BBC News Brasil

Demais coberturas

Além do La Nación, veículos como o The New York Times e o The Washington Post, nos EUA, o The Guardian e o Financial Times, no Reino Unido, e o Le Monde, na França, também noticiaram a operação.

A grande maioria optou por uma cobertura factual, destacando as investigações da Polícia Federal contra Bolsonaro e seus aliados por uma suposta tentativa de golpe.

"Bolsonaro é apontado como alvo em investigação de golpe no Brasil e é instruído a entregar passaporte", diz a manchete do Washington Post.

"Polícia do Brasil acusa Bolsonaro e vários generais aposentados de golpismo", afirma o espanhol El País.

A emissora estatal do Catar, Al Jazeera, o jornal South China Morning Post, de Hong Kong, e a emissora americana CNN também cobriram a operação.

A BBC News, em inglês, noticiou os fatos destacando que o ex-presidente Jair Bolsonaro entregou seu passaporte às autoridades.

"Ex-presidente do Brasil, Bolsonaro entrega passaporte após tentativa de golpe", diz a manchete.

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