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Lula diz que seguirá lutando pela dignidade do povo, qualquer que seja resultado de julgamento

23 jan 2018 - 21h35
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Na véspera de ver seus recursos julgados pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região, quando pode ter confirmada sua condenação por corrupção passiva, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva prometeu a milhares de pessoas reunidas no centro de Porto Alegre que continuará nas ruas, lutando "pela dignidade do nosso povo".

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursa ao lado da ex-presidente Dilma Rousseff, em manifestação, em Porto Alegre
23/01/2018
REUTERS/Diego Vara
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursa ao lado da ex-presidente Dilma Rousseff, em manifestação, em Porto Alegre 23/01/2018 REUTERS/Diego Vara
Foto: Reuters

"Só uma coisa vai me tirar das ruas desse país e será o dia que eu morrer. Se eu tiver um ano, dez, 15 anos, um dia que seja, eu estarei na rua brigando por uma sociedade mais justa, mais igualitária", discursou Lula no mesmo lugar que fez, em 1989, o seu primeiro comício em Porto Alegre, nas eleições daquele ano.

"Até lá estarei lutando por uma sociedade mais justa. Qualquer que seja o resultado do julgamento, eu seguirei na luta pela dignidade do povo nesse país", acrescentou. "Qualquer que seja o resultado, eu estarei lutando para que as pessoas tenham dignidade."

Lula, que lidera com folga as pesquisas de intenção de voto, chegou a Porto Alegre em torno de 17h, em um avião fretado, vindo de São Paulo, e foi direto para o centro de Porto Alegre. Ao longo da tarde, a chamada Esquina Democrática --famosa na cidade pelos comícios relâmpagos contra o regime militar, nas décadas de 1960 e 1970, foi enchendo para esperar o ex-presidente.

De acordo com os organizadores, 70 mil pessoas se reuniram no local. A Brigada Militar avisou, por meio de sua conta no Twitter, que não faz estimativas. A multidão ocupava os quatro lados do carro de som onde Lula estava, e cerca de um quilômetro entre o mercado público de Porto Alegre e a avenida Júlio de Castilhos.

Lula começou seu discurso mais com um tom de candidato do que de uma autodefesa. Avisou de início que não iria falar do julgamento.

"Eu não vou falar do meu processo, não vou falar da Justiça. Eu tenho advogados competentes que já provaram minha inocência", disse. "Eu vim falar do Brasil, da soberania nacional, da integração latino-americana. Eu vim falar contra os desmandos da reforma trabalhista e da safadeza da reforma da Previdência. Eu vim falar de esperanças e sonhos que estão sempre na cabeça da nossa juventude."

Em um discurso de pouco menos de 40 minutos, Lula criticou os que "escrevem mentiras" sobre ele e disse que dorme com a consciência tranquila de quem não cometeu crime algum.

"Eu duvido que nesse país tenha um magistrado mais honesto que eu. Por isso a minha tranquilidade, a dos inocentes

de quem não cometeu crime algum", disse.

MERCADO

Em uma fala que já aponta para o seu discurso de campanha, Lula menosprezou o "mercado", que teria medo de sua eleição.

"Eu não preciso do mercado, eu preciso de empresas produtivas, de agricultura produtiva. Eu preciso que o povo participe para a gente recuperar esse país", afirmou.

No palanque ao lado de Lula, uma frente de esquerda que o ex-presidente possivelmente não conseguirá reunir nas eleições, se for candidato. Participaram do ato a deputada estadual gaúcha Manuela D'Ávila, pré-candidata pelo PCdoB, Guilherme Boulos, pré-candidato pelo PSOL, o senador Roberto Requião, do MDB, o senador João Capiberibe, do PSB, além de dezenas de petistas, entre eles a ex-presidente Dilma Rousseff, e representantes dos demais partidos em graus variados de importância.

"Esse país vai voltar, tenho certeza. A esquerda em algum momento vai se unir, não em torno de um candidato, mas de um projeto para recuperar esse país", disse.

Lula, que saiu do palanque diretamente para o aeroporto, terminou seu discurso com um pedido: "Quando vocês estiverem desanimados, com a cabeça baixa, vocês têm que lembrar de mim."

O ex-presidente acompanha o julgamento, nesta quarta-feira, em São Paulo, acompanhado da cúpula do PT. No dia seguinte, em um ato na sede da CUT, o partido fará a confirmação da sua candidatura à Presidência da República.

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