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Lula fala em eleição de cartas marcadas e líderes do PT negam ideia de plano B

5 ago 2018 - 00h19
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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi aclamado candidato do PT à Presidência da República e afirmou que tentam fazer uma eleição de cartas marcadas, em uma mensagem lida na convenção nacional do partido, onde líderes rejeitaram a ideia de um plano B para a disputa presidencial.

Líderes do PT discursam na convenção que formalizou candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
04/08/2018
REUTERS/Nacho Doce
Líderes do PT discursam na convenção que formalizou candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva 04/08/2018 REUTERS/Nacho Doce
Foto: Reuters

Na mensagem, Lula, que lidera as pesquisas de intenção de voto para presidente e que pela primeira vez não participou de uma convenção nacional do PT, por estar preso em Curitiba, acusou seus adversários de buscarem uma democracia sem povo.

"Hoje a nossa democracia está ameaçada. Há dois anos deram um golpe parlamentar para destituir a presidenta Dilma Rousseff, rasgando a Constituição. Agora querem fazer uma eleição presidencial de cartas marcadas, excluindo o nome que está à frente na preferência popular em todas as pesquisas", disse o petista na mensagem, lida pelo ator Sergio Mambert.

"Já derrubaram uma presidenta eleita; agora querem vetar o direito do povo escolher livremente o próximo presidente. Querem inventar uma democracia sem povo."

Lideranças petistas que discursaram no evento rejeitaram a hipótese de discutir um nome alternativo a Lula, e defenderam a insistência em seu nome, mesmo com a provável impugnação com base na Lei da Ficha Limpa. O ex-presidente foi condenado em segunda instância por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá (SP).

"Hoje, nesta data histórica da convenção do PT, nós dizemos ao Brasil que Lula é nosso candidato e vamos registrá-lo nos braços do povo no dia 15 de agosto em Brasília", disse a presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann.

"Essa é a ação mais confrontadora que já fizemos contra esse sistema podre", acrescentou ela. "É com povo brasileiro que nós vamos seguir nesta caminhada, vamos tirar Lula da prisão, vamos voltar a governar o país."

Entre um discurso e outro, militantes petistas na plateia batucavam e gritavam que não havia plano B à candidatura de Lula.

A ex-presidente Dilma Rousseff, cassada por meio de um impeachment em 2016 e que será candidata ao Senado por Minas Gerais, se juntou ao coro dos que defenderam a insistência no nome de Lula.

"Nós vamos até o fim, nós queremos o Lula candidato à Presidência", afirmou.

O líder do PT no Senado, o senador Lindbergh Farias (RJ), foi além.

"Se eles impugnarem a candidatura de Lula, por mim a gente vai até o fim", defendeu o parlamentar. "Se nós elegermos o Lula, eu quero ver eles impedirem a posse do Lula, porque esse povo se levantará."

Líder petista na Câmara dos Deputados, o deputado Paulo Pimenta (RS), adotou tom parecido.

"Não tem plano B, não tem plano C, é Lula candidato, é Lula presidente", disse.

ANTAGONISMO COM PSDB

Além da defesa de Lula, o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, coordenador do programa de governo do PT e muitas vezes especulado justamente como plano B caso se confirme a impugnação da candidatura de Lula, adotou retórica de oposição ao PSDB e ao candidato tucano à Presidência, Geraldo Alckmin.

Haddad rotulou Alckmin e seu partido como uma continuidade do governo do presidente Michel Temer, extremamente impopular.

"Tenho a convicção que estamos rumo ao pentacampeonato petista", disse Haddad ao manifestar confiança na quinta vitória seguida do PT em disputas presidenciais em outubro.

O ex-prefeito disse que o cenário desta eleição está "configurado", com o PT de um lado e o PSDB de outro, como ocorreu nas últimas sete eleições presidenciais.

"Quem organizou o governo Temer foi o PSDB, foram os tucanos", disse Haddad.

AINDA SEM VICE

A formalização da candidatura de Lula aconteceu sem que o PT tenha definido ainda o companheiro de chapa do ex-presidente na disputa. Na sexta-feira, Gleisi e Haddad deixaram a reunião do Diretório Nacional petista e foram a Curitiba conversar com Lula. Na ocasião, a ideia era fechar com ele a indicação da candidata do PCdoB à Presidência, Manuela D'Ávila, como candidata a vice de Lula, segundo disse uma fonte à Reuters.

Após o encontro, no entanto, Gleisi disse que Lula orientou o partido a seguir negociando com possíveis aliados e a decidir sobre a vice somente perto do prazo para registro da candidatura em 15 de agosto. Há dúvidas jurídicas, no entanto, se isso será possível, pois há um entendimento de que a chapa teria de ser formalizada até a próxima segunda-feira.

Diante disso, ainda existe a possibilidade de o PT decidir o candidato de a vice até segunda-feira. Além de Manuela e da possibilidade de uma chapa puro-sangue para a disputa deste ano, Gleisi ainda busca manter conversas com o PDT, do candidato ao Planalto Ciro Gomes, de acordo com uma fonte com conhecimento do assunto.

Ela chegou a oferecer a vaga de vice a Ciro durante conversa na última semana com o presidente do PDT, Carlos Lupi, mas posteriormente o presidenciável pedetista classificou a oferta como uma "aberração". Neste sábado, em Belo Horizonte, Ciro disse que Gleisi já sabe que ele não será candidato a vice na chapa petista.

Na sexta-feira, o Pros aprovou, em convenção, uma aliança com o PT na disputa presidencial.

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