Lula se emociona ao citar a pobreza e a desigualdade no Brasil
Presidente fez segundo discurso no Parlatório
O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, fez seu segundo discurso como mandatário neste domingo (1º), no Parlatório, e se emocionou ao falar sobre as desigualdades vividas atualmente no país.
Dizendo que é um "crime" a fome estar de volta ao país, Lula afirmou que "não pode haver lugar para tantas desigualdades".
"Enquanto as mulheres ficam no farol com cartazes dizendo 'me ajuda', as pessoas ficam na fila de ossos de carne, o Brasil tem fila para a compra de jatinhos", disse interrompendo a fala várias vezes. "É inadmissível que 5% desse país detenham a mesma renda de 95% dos demais", pontuou ainda.
Lula também afirmou que não vai governar só para quem o elegeu, "mas para todos os brasileiros".
"A ninguém interessa o país em permanente pé de guerra. É preciso unir os laços com amigos e familiares. Chega de ódio, fake news, armas e bombas. Nosso povo quer paz para trabalhar, para estudar e ser feliz. A disputa eleitoral acabou", acrescentou.
Repetindo o discurso após a vitória de 30 de outubro, Lula disse que "não existem dois brasis, somos um único país, um único povo, uma grande nação". O petista também falou sobre as desigualdades de gênero e o racismo.
"É inaceitável que continuemos a conviver com preconceito, discriminação e racismo. Somos um país de muitas cores e todos devem ser respeitados e ter as mesmas oportunidades. Por isso, estamos recriando o Ministério da Igualdade Racial para enterrar a trágica herança de nosso passado escravagista", ressaltou.
Já sobre os povos indígenas, voltou a ressaltar que eles "devem ser respeitados e que eles não são obstáculo ao conhecimento, mas são guardiões dos nossos rios e florestas".
Sobre as mulheres, disse ser "inaceitável" que elas recebam um salário menor que os homens para fazer as mesmas funções. "As mulheres devem ser o que quiserem ser, devem estar onde quiserem estar. Por isso, estamos trazendo de volta o ministério das mulheres", pontuou.
Lula ainda defendeu os investimentos em saúde, educação e na preservação do meio ambiente e disse que seus governos "nunca foram irresponsáveis com dinheiro público".
O mandatário disse que os últimos anos não foram fáceis desde o "golpe contra a presidenta Dilma [Rousseff] em 2016" e "depois os quatro anos de um governo de destruição nacional que a história jamais perdoará".
"Foram 700 mil mortos da pandemia de Covid-19, 124 milhões em alguma situação de insegurança alimentar, 33 milhões de pessoas. Eles não são números, são pessoas, são homens, mulheres e crianças", destacou, ressaltando que o "pesadelo chegou ao fim".
Dizendo que é preciso fazer uma "frente ampla" com membros da política e da sociedade civil "para a reconstrução do país" porque "sempre disse que o Brasil tem jeito".
"Na luta pelo bem do Brasil, usaremos as armas que nossos adversários mais temem: a verdade, a justiça e o amor que derrotou o ódio. Viva o Brasil e viva o povo brasileiro", finalizou.
Faixa presidencial
Com a ausência de Jair Bolsonaro, que viajou para os Estados Unidos, a faixa presidencial foi entregue para Lula por um grupo representando a sociedade civil.
A passagem formal foi realizada por uma mulher negra que atua como catadora de materiais recicláveis.
Subiram a rampa ainda: o cacique Raoní, representando os indígenas, uma criança negra, uma pessoa com deficiência física e pessoas de bairros periféricos do país. Também presente a cachorrinha Resistência, adotada por Janja Lula da Silva na época em que o agora marido, Lula, estava preso. .