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Lula se entrega à PF após sair andando do sindicato em São Bernardo

8 abr 2018 - 01h11
(atualizado às 09h29)
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Maior liderança política do país, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se entregou na noite deste sábado à Polícia Federal, mais de 24 horas depois de expirar o prazo dado pelo juiz federal Sérgio Moro para que se apresentasse e agora começa a cumprir pena, após condenação por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no âmbito da operação Lava Jato.

Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa de evento na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, antes de se entregar à Polícia Federal.  7/04/ 2018. REUTERS/Leonardo Benassatto
Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa de evento na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, antes de se entregar à Polícia Federal. 7/04/ 2018. REUTERS/Leonardo Benassatto
Foto: Reuters

Aos 72 anos, Lula comandou o país durante dois mandatos (2003-2010), deixando o cargo com aprovação recorde, fez sua sucessora, Dilma Rousseff, eleita para dois mandatos, e vinha dizendo publicamente que tem disposição de retornar ao Palácio do Planalto -plano cada vez mais distante diante da prisão e do provável enquadramento como ficha-suja, em razão da condenação pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4).

Condenado no caso do tríplex do Guarujá (SP), Lula tornou-se o primeiro ex-presidente do país preso por crime comum e o mais importante preso da Lava Jato, operação que recentemente fez quatro anos e que tem atingido boa parte da cúpula política e empresarial do país.

A detenção do petista ocorreu pouco antes das 19 horas, após o ex-presidente ter deixado a pé a sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo (SP). Logo, entrou em um dos quatro carros do comboio descaracterizado pela PF -- um pedido dele, segundo pessoas próximas, que não queria ser visto em um carro com os dizeres da polícia.

Lula seguiu para a sede da PF em São Paulo para exame de corpo de delito e, posteriormente, de helicóptero para o Aeroporto de Congonhas, onde um avião da Polícia Federal o levaria para Curitiba (PR). Na Superintendência da Polícia Federal na capital paranaense, uma sala está reservada para ele cumprir pena de 12 anos e 1 mês de prisão, em regime fechado.

A saída do ex-presidente da sede do sindicato, seu berço político e onde passou os últimos dois dias desde a expedição da ordem de prisão na quinta-feira, foi tumultuada. Ele andou acompanhado por seguranças, em um cordão humano, sob gritos de militantes e entrou no carro da PF, que estava em um prédio próximo à entidade sindical.

"O presidente Lula saiu a pé. O povo respeitou a vontade dele....Se o povo quisesse, teria impedido ele (de sair)", disse o deputado Paulo Teixeira (PT-SP).

CABEÇA ERGUIDA

O juiz Sérgio Moro havia dado prazo até 17h de sexta-feira para que se apresentasse à PF, em Curitiba, para começar a cumprir pena de prisão.

Em discurso a uma multidão de militantes políticos e apoiadores no horário do almoço, o ex-presidente anunciou que havia decido cumprir o mandado de prisão, expedido na quinta-feira.

"Esse pescoço não baixa, eu vou de cabeça erguida e vou sair de peito estufado de lá e vou provar minha inocência", disse Lula, em exaltado pronunciamento de 55 minutos do lado de fora do sindicato.

A prisão de Lula -líder nas pesquisas de intenção de voto ao Planalto a seis meses das eleições- embaralha a corrida presidencial. O petista não deixou claro quem será seu herdeiro político na disputa. Em seu último discurso, fez acenos ao ex-prefeito de São Paulo, o petista Fernando Haddad, mas também a candidatos de outras legendas de esquerda, Guilherme Boulos (PSOL) e Manuela D'Ávila (PCdoB).

O petista também não disse se vai manter a disposição de concorrer ao Planalto, mesmo detido. O PT tem dito que vai trabalhar para registrar em agosto o nome dele na corrida presidencial.

O futuro do petista também é incerto. Além de começar a cumprir pena em regime fechado, o ex-presidente é alvo de outras ações penais em Curitiba (PR) e em Brasília (DF).

Ainda assim, a defesa do ex-presidente -que tentou sem sucesso nos últimos dois dias impedir a prisão dele por meio de recursos perante o Superior Tribunal de Justiça (STJ) e o Supremo Tribunal Federal (STF) -- tem uma aposta de curto prazo para reverter a detenção: o STF pode julgar na quarta-feira ações que visam a rever o atual entendimento da corte que permite a prisão após esgotar os recursos em segunda instância.

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