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Lula será candidato se estiver bem de saúde, e saúde dele está forte, diz Janja

Janja acompanha o presidente em viagem de Estado ao Japão; ida uma semana antes gerou críticas sobre falta de transparência.

25 mar 2025 - 05h21
(atualizado às 07h37)
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Janja chegou ao Japão uma semana antes, sem que a ida fosse divulgada, e foi criticada
Janja chegou ao Japão uma semana antes, sem que a ida fosse divulgada, e foi criticada
Foto: BBC News Brasil

A primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja, afirmou à BBC News Brasil que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva diz que será candidato em 2026 se estiver bem de saúde - e complementou dizendo que a saúde dele está "muito forte".

"Não sei [se Lula será candidato]. Você sabe que ele fala sempre que… ele não gosta de antecipar as coisas, né? Mas ele será candidato se tudo estiver bem com a saúde dele. Ele sempre coloca essa questão da saúde. Eu tô vendo ele muito forte de saúde, então… É isso", afirmou.

De jeans e tênis amarelo da japonesa Onitsuka Tiger, Janja atendeu a reportagem da BBC News Brasil em uma sala no Hotel Imperial, em Tóquio, onde a comitiva brasileira está hospedada.

Esta é a primeira viagem internacional de longa distância do presidente após complicações do acidente doméstico que sofreu em outubro.

Lula está desde segunda-feira (24/3) em Tóquio, no Japão, onde participa nesta noite de jantar com o Imperador Naruhito e a Imperatriz Masako no Palácio Imperial.

O presidente ainda tem previstas reunião com o primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba, no Palácio Akasaka, e participação no Fórum Empresarial Brasil-Japão.

Lula e Janja estão no Japão em visita oficial
Lula e Janja estão no Japão em visita oficial
Foto: Ricardo Stuckert / PR / BBC News Brasil

'Nunca houve falta de transparência'

Janja chegou ao Japão uma semana antes, sem que a ida fosse divulgada, e virou alvo de críticas da oposição.

Questionada pela BBC News Brasil Janja disse que "nunca houve falta de transparência" e disse que economizou em passagem aérea e hospedagem.

"Obviamente eu vim com a equipe precursora, inclusive, para economizar passagem aérea, vim um pouco antes, fiquei hospedada na residência do embaixador", afirmou.

Em uma agenda diferente do presidente, Janja foi convidada pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) para visitar a finalização das obras do Pavilhão Brasil na Expo Osaka - Exposição Universal, que começa no dia 13 de abril e terá seis meses de duração.

A primeira-dama também se reuniu com mulheres brasileiras imigrantes no Japão, onde foi tratado o problema da violência doméstica.

Janja disse que a violência doméstica, aliás, foi um dos assuntos sobre os quais ela comentou com o imperador e a imperatriz, a pedido de Lula.

Janja disse comentou com o imperador e a imperatriz sobre a questão da violência doméstica, a pedido de Lula
Janja disse comentou com o imperador e a imperatriz sobre a questão da violência doméstica, a pedido de Lula
Foto: Reuters / BBC News Brasil

Reforma ministerial

Em fevereiro, Lula decidiu mexer em sua equipe ministerial, em um momento em que tenta reverter sua queda de popularidade — mas ainda não foi anunciada uma reforma ministerial mais ampla, como se cogita nos bastidores de Brasília.

Janja evitou comentar sobre o assunto e disse que Lula "não faz nada no calor do acontecimento".

"A reforma ministerial é muito o momento político dele entender que é hora de trocar algum ministro. O presidente Lula não faz nada no calor do acontecimento. Ele sempre aguarda. Eu aprendi muito isso com ele, não adianta você querer falar para ele assim 'decide agora', ele não vai decidir, vai deitar a cabeça no travesseiro e vai refletir", disse.

"Não adianta a imprensa cobrar uma pressa que não faz parte dele."

No dia 25 de fevereiro, Lula anunciou a demissão da ministra da Saúde, Nísia Trindade, que foi substituída por Alexandre Padilha, médico e até então ministro da Secretaria de Relações Institucionais, responsável pela articulação política do governo.

Nísia é cientista social e foi a primeira ministra da Saúde mulher. Antes, entre 2017 e 2022, presidiu a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Já Padilha já havia comadado a Saúde anteriormente, no governo de Dilma Rousseff (PT), entre janeiro de 2011 e fevereiro de 2014.

A mudança abriu espaço para Lula melhorar a relação com o Congresso, já que Padilha vinha enfrentando problemas na condução das negociações políticas à frente das Relações Institucionais, tendo sido chamado publicamente de incompetente pelo ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL).

Para o lugar de Padilha, Lula chamou a deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR), até então presidente do PT.

Segundo pesquisa Datafolha divulgada em 14 de fevereiro, a aprovação do presidente recuou de 35% para 24% em dois meses, pior nível já registrado pelo petista em todos os seus mandatos. A reprovação também é recorde, subindo de 34% a 41%.

Nesse contexto, partidos do Centrão pressionam o presidente por mais espaço na Esplanada dos Ministérios. Outras mudanças ainda são esperadas no ministério.

Julgamento de Bolsonaro no STF

Quando a BBC News Brasil perguntou sobre a expectativa de votação no Supremo que pode tornar Bolsonaro réu, Janja interrompeu:

"Sobre isso, queria não comentar, não queria comentar sobre a questão do julgamento, porque eu acho que é uma questão do STF, jurídica, do processo. Vamos deixar ver o que vai acontecer hoje. Acho que se tinha alguma coisa que eu podia contribuir, eu fiz no dia 8 de janeiro", afirmou.

Depoimentos à Polícia Federal divulgados em 15 de março sobre os eventos de 8 de janeiro sugerem que aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro buscaram pressionar Lula a decretar uma GLO (Garantia da Lei e da Ordem).

A medida permitiria a atuação das Forças Armadas na contenção dos ataques, o que, segundo a investigação, poderia abrir caminho para uma reviravolta política.

Mas, segundo o próprio presidente, Janja o convencenceu a não decretar a ordem.

Lula fala sobre o acontecimento no documentário '8/1: A Democracia Resiste', da GloboNews.

"Foi a Janja que me avisou: 'Não aceita GLO, porque GLO é tudo o que eles querem, é tomar conta do governo'. Se eu dou autoridade para eles [militares], eu tinha entregado o poder para eles", afirmou o presidente.

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