Maia defende diálogo com governo sobre papel do Estado na recuperação sem ferir teto de gastos
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou nesta terça-feira que é necessário conversar com o governo federal sobre a ampliação do Estado brasileiro na recuperação da crise causada pela pandemia da Covid-19, sem que isso implique no desrespeito ao teto de gastos.
Para ele, ainda que o Congresso avance nas reformas e nos marcos regulatórios como o do saneamento básico, é fundamental encaminhar um debate "onde o Estado certamente terá um papel diferente do que nós pensaríamos antes da pandemia", disse o presidente da Câmara, que se declara um liberal.
"O teto de gastos precisa ser mantido, mas o Brasil vai precisar da organização do comando, da alavancagem do governo federal, do Estado brasileiro, para a gente recuperar o país dessa crise", avaliou, em entrevista.
"Se fizéssemos uma pactuação circunscrita à PEC do Orçamento de Guerra, nós temos um instrumento para resolver esse primeiro momento", sugeriu.
Maia ponderou que um pacote nessa linha não iria funcionar num horizonte de "dois, três anos", mas será necessário "algum apoio" do Estado.
O presidente da Câmara lembrou, ainda, da situação de empresas que ainda não obtiveram a ajuda do governo e podem fechar definitivamente. No caso da medida provisória 975, que institui o Programa Emergencial de Acesso a Crédito, para empresas de pequeno e de médio portes, defendeu que grandes companhias também recebam a atenção do governo e possam ser incluídas na medida, caso das companhias do setor aéreo.
"Se o governo brasileiro não fizer uma intervenção clara no setor, no sentido de apoiar o setor, nós corremos o risco de amanhã termos apenas uma empresa aérea e aí não teremos nenhuma concorrência."
O deputado aproveitou para reafirmar o sentimento da Câmara favorável à prorrogação da renda emergencial de 600 reais por pelo menos dois meses --o governo defende parcelas inferiores a esse valor. Também voltou a defender que se inicie um debate sobre uma renda mínima permanente diante do cenário de aumento de desemprego e da informalidade na economia.
"A gente sabe que tem um custo", disse Maia sobre a ampliação da renda emergencial por dois meses. "Mas custo maior é não renovar", disse.