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Mandetta reitera defesa da ciência e pede "máximo grau" de distanciamento social

30 mar 2020 - 19h30
(atualizado às 19h31)
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O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou nesta segunda-feira que se deve manter o máximo grau de distanciamento social para que o sistema de saúde se consolide na preparação para o avanço do coronavírus, e destacou que um movimento descoordenado pode agravar dois problemas, a doença e o impacto econômico.

Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, durante entrevista coletiva no Planalto
30/03/2019
REUTERS/Ueslei Marcelino
Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, durante entrevista coletiva no Planalto 30/03/2019 REUTERS/Ueslei Marcelino
Foto: Reuters

Mandetta reiterou sua defesa do isolamento social na primeira entrevista coletiva sobre o coronavírus no Palácio do Planalto depois da determinação do governo de centralizar a divulgação das ações para todas as pastas, acabando, na prática, com as entrevistas diárias apenas no Ministério da Saúde.

O ministro tem discordado publicamente nos últimos dias do presidente Jair Bolsonaro, que tem defendido um relaxamento do isolamento social como forma de diminuir o impacto econômico da redução da atividade decorrente do coronavírus.

"No momento a gente deve manter o máximo grau de distanciamento social, para que a gente possa dar tempo para que o sistema se consolide na sua expansão", disse Mandetta.

O ministro da Saúde reafirmou que a posição da pasta que comanda "continua técnica e científica", e disse que vai seguir trabalhando dentro do planejamento para conter o avanço da doença no país.

"Problema do coronavírus extrapola muito o Ministério da Saúde para a solução do problema", disse.

DEMISSÃO

O ministro da Saúde foi questionado sobre rumores de uma eventual demissão pelo presidente. Primeiro, o ministro da Casa Civil, Walter Braga Netto, apressou-se em dar uma resposta, afirmando que, por ora, isso não está no cenário.

"Não existe essa ideia de demissão do ministro Mandetta, isso aí está fora de cogitação no momento, não existe", disse Braga Netto.

Em seguida, o próprio Mandetta iniciou dizendo que, em política, quando se fala em demissão é que ela estaria sendo aventada. Mas depois contemporizou e destacou que há situações em que pode haver dificuldades "aqui e acolá".

"O que a gente vem procurando é uma unicidade", disse ele, para quem todos estão tentando fazer o melhor para o povo brasileiro, incluindo o presidente também. "Tensões são normais pelo tamanho da crise; seria pequeno da minha parte dizer que isto é um grande problema."

Mandetta afirmou que não se pode perder o foco, que é o coronavírus, que disse ter derrubado o sistema mundial. O ministro ressaltou que o instinto pela vida é maior que o econômico.

O ministro disse que não tem uma resposta sobre o pedido feito por Bolsonaro a respeito da adoção do chamado isolamento vertical, onde as medidas de restrição social são impostas apenas a grupos de risco para o coronavírus, como idosos e portadores de outras doenças.

Apesar de manter a defesa do isolamento, Mandetta fez uma crítica indireta a decisões mais drásticas de confinamento, dizendo que é "consenso de todos" que fazer um "lockdown" (paralisação total) não é o que se precisa. Ele avaliou que é preciso moderar os movimentos para evitar uma segunda onda do coronavírus maior do que a primeira.

Mandetta não quis dar um prazo sobre quando se deverá adotar medidas mais drásticas. Ele disse que todos os países do mundo que se comprometeram com um cronograma "bateram com a cara na porta", e citou que no domingo isso ocorreu com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Na véspera, Trump --que inicialmente era um dos fortes críticos das medidas de isolamento, assim como Bolsonaro-- anunciou que o distanciamento social nos EUA será estendido até 30 de abril, e defendeu o isolamento como forma de salvar vidas.

Antes da entrevista, o Ministério da Saúde informou, em sua plataforma online, que o Brasil atingiu nesta segunda-feira 159 mortes em decorrência do coronavírus, um aumento de 23 vítimas --ou 17%-- em relação à véspera. O número de casos confirmados de Covid-19 no país, enquanto isso, avançou para 4.579, um avanço de 323 casos, ou 7,6%, na comparação com os números de domingo.

São Paulo --Estado que determinou quarentena desde terça-feira passada-- segue como a unidade da federação com maior número de casos da doença no Brasil, com 1.517, avanço de 4,5% em relação ao dia anterior. O Estado possui ainda 113 mortes provocadas pelo Covid-19.

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