MediaOn: gravadoras demoraram a entrar na era da música digital
- Fernando Diniz
- Direto de São Paulo
O último painel do MediaOn 2011 desta quarta-feira concluiu que as grandes gravadoras demoraram a compreender a revolução digital provocada pelo programa de compartilhamento de música Napster, perto da virada do século. Os participantes da mesa avaliam que é inevitável o processo de baixar música e o que deve ser discutido agora é a monetização da música online.
"As gravadoras se envolveram em processos contra o Napster ao invés de sentar com os ícones da nova tecnologia e pensar em como isso poderia ser pensado em favor", disse o crítico musical Sérgio Martins. O produtor Marcos Maynard concorda: "Houve um vácuo muito grande entre os que lutavam pela 'pirataria no ar' e deixaram muito tempo essa geração consumir o que ela queria".
Mesmo com a ascensão do iTunes, Maynard diz que as gravadoras não estão bem. "A indústria não está feliz, está muito mal, está enferma. O iTunes vende uma música e você gastou para gravar 10 músicas", disse. O produtor lembrou de novas formas de arrecadação para artistas que começam a surgir com as plataformas de streaming, como o Terra Sonora e o YouTube, que já começa a apresentar políticas de monetização.
O músico Tatá Aeroplano, por outro lado, vê com bons olhos o ambiente online para os músicos que não possuem contratos com gravadoras. "Hoje as pessoas não precisam de uma grande gravadora para botar dinheiro em um trabalho que faz ela se sentir realizada", disse. "Como músico acredito que estamos vivendo um período fantástico."
O produtor Claudio Prado disse que as gravadoras ainda pensam com a mentalidade do século XX. "As revoluções tecnológicas liquidam as gerações anteriores. E a revolução digital é fatal. O digital é profundamente subversivo à lógica da indústria do século XX", disse.
MediaOn
O MediaOn, encontro realizado anualmente pelo Terra e Itaú Cultural, é um dos principais fóruns de debates sobre jornalismo digital e novas mídias. O evento será transmitido ao vivo entre os dias 22 e 24 de novembro.
Criado por jornalistas e profissionais da internet, o MediaOn reedita a curadoria dos jornalistas Antonio Prada, diretor de Mídia do Terra, Fernanda Cerávolo, gerente de Mídia do Google, e Jaime Spitzcovsky, colunista da Folha de S. Paulo. A produção executiva é de Felipe Morales Fonseca e Paula Grinover com a equipe do Itaú Cultural.
Os debates contam com a presença de representantes de veículos brasileiros, da América Latina, Europa e Estados Unidos. O tema do evento deste ano é "A transformação do ciclo da notícia, a revolução na indústria cultural e os efeitos na produção de conteúdo criativo".