MediaOn: Mino Carta polemiza e conquista plateia em 'análise'
- Fernando Diniz
- Direto de São Paulo
A proposta de colocar jornalistas "no divã" para discutir os novos rumos do jornalismo arrancou risadas da plateia do MediaOn 2011. Mediado por Jorge Forbes, especialista em psicanálise lacaniana, o segundo painel desta quinta-feira ganhou destaque pelas frases polêmicas do diretor de Redação da Carta Capital, Mino Carta, que disparou contra a "ignorância brutal" brasileira e a baixa cultura dos novos jornalistas
"Os jornais brasileiros são muito feios e muito mal escritos. O jornalismo brasileiro chegou a níveis grotescos", disse Mino ao ser perguntado sobre sua carreira no Jornal da Tarde e sobre qual jornal faria atualmente. "Acho que faria o mesmo. Era um jornal pioneiro e se esvaiu sobre a tragédia que se abateu sobre o jornalismo brasileiro", afirmou, ao ser lembrado por Forbes da identificação com os jovens na década de 1960.
"A mídia sempre foi um instrumento nas mãos do poder. O conteúdo era o mesmo, mas a forma era muito melhor", disse Mino. "Fico espantado com o baixo nível cultural dos nossos jovens jornalistas, eles não sabem nada. Nunca leram nada significativo."
Menos pessimista, o editor-executivo da revista Veja, Fabio Altman, acredita que o volume atual de informações pode ser um fator positivo. "A quantidade de informações, a variedade e a velocidade de informações ... o volume é muito maior e mais rico do que há alguns anos atrás. Se você não tiver um filtro, acaba consumindo muito lixo. Mas consome coisa boa também", disse. "Mas não tenho dúvida que o jornalismo piorou muito. Muito raramente encontramos reportagens que sejam fascinantes", ressaltou.
"Essa juventude é capaz de absorver um volume de informações que acho que seja até um desafio para nós, mais antigos, em como criar um jornalismo para atrair a juventude", afirmou Altman. Mino concorda que as novas plataformas não impedem a produção de um bom jornalismo. "O que nos impede de, baseados numa cultura à moda antiga, produzir algo que se adequa ao momento que vivemos? Eu não vejo antítese."