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Memória: o que desencadeou a greve histórica dos militares mineiros em 1997

Ato começou depois que governo reajustou os salários dos delegados e deixou de lado as patentes menores da PM

21 fev 2022 - 19h40
(atualizado às 21h16)
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Cinco mil policiais participaram de greve em 1997
Cinco mil policiais participaram de greve em 1997
Foto: Frederico Haikal/Estado de Minas / Estado de Minas

A  confirmação do início de greve das forças de segurança de Minas Gerais na tarde desta segunda-feira (21/2) traz à memória outro importante ato do grupo, registrado há quase 25 anos. Em junho de 1997, policiais militares de quatro batalhões deram início à primeira greve declarada da categoria em todo o país, na busca pelo reajuste salarial das patentes menores da corporação. 

O principal ponto de partida da grave foi uma ação judicial movida pelos delegados de polícia requerendo uma isonomia salarial com promotores de Justiça. O Superior Tribunal Federal (STF) reconheceu a isonomia em relação aos defensores públicos que, na prática, determinava o pagamento de 33% de reajuste, em três parcelas, aos delegados. Em contrapartida, os policiais com salários menores não receberiam aumento, o que gerou enorme insatisfação entre eles. 

Paralelamente ao conflito, a morte do cabo Glendyson Hércules de Moura Costa, baleado por um criminoso na capital, deu início a uma série de atos feitos por policiais com patentes menores. Os militares queimaram colchões e outros objetos no interior dos Batalhões de Choque e do 22º Batalhão de Polícia Militar. O ato foi minorado pelo comando da corporação.  Nos seguintes, os policiais se apresentavam aos quarteis, mas não atuavam nas ocorrências - o movimento foi chamado de "greve branca".

O governador da época, Eduardo Azeredo (PSDB), precisou adiar uma viagem à Europa para cuidar das negociações e pediu à Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) para dar aumento aos policiais por meio de decreto. Mas os militares não aceitaram a proposta encabeçada pelo governo e saíram em passeata às ruas.

O ato contou com a presença de 5 mil manifestantes, que seguiram até o Palácio da Liberdade e tentaram invadir o Comando de Polícia Militar (Copom). 

Tiro em manifestante 

O ponto mais tenso ocorreu quando o cabo Valério dos Santos Oliveira foi atingido com um tiro na cabeça. Em seguida, foi necessária a intervenção do Exército para acalmar os ânimos - três carros blindados chegaram à capital para reforçar o contingente. Logo, o governo reabriu negociações, com a expectativa de apresentar nova proposta.

O policial Wedson Campos Gomes, acusado de atirar em Valério dos Santos, foi preso e condenado a oito anos de reclusão.  

Depois de negociações, o policiamento começou a voltar ao normal em BH. Logo, o governo anunciou reajuste salarial de 48,2% para soldados, cabos, sargentos e subtenentes da PM e para detetives da Polícia Civil, encerrando de vez o movimento grevista. 

Estado de Minas
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