Ministério da Saúde é alvo de segundo ataque hacker
Queiroga afirma que ataque foi menor em comparação com o da última sexta-feira, que deixou vários sistemas da Saúde indisponíveis, mas pode atrasar o restabelecimento destes. ConecteSUS ficou fora do ar pelo quarto dia.O Ministério da Saúde sofreu o segundo ataque hacker em três dias, afirmou o chefe da pasta, Marcelo Queiroga. O ataque ocorreu entre domingo (12/12) e segunda-feira (13/12), e parte dos sistemas internos está indisponível, segundo o ministro.
Após a Saúde inicialmente negar o ocorrido ao longo do dia, afirmando apenas que o sistema DataSUS estava em manutenção, Queiroga admitiu o ataque, mas afirmou que este teve menor impacto que o da última sexta-feira.
"Em relação a esse [segundo ataque], foi algo de menor monta e estamos trabalhando para recuperar isso o mais rápido possível", disse o ministro.
Após as declarações de Queiroga, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) divulgou uma nota informando que "incidentes cibernéticos contra órgãos de governo em ambiente de nuvem" ocorreram na sexta-feira. Segundo o GSI, o governo está atuando "de forma coordenada para a retomada dos serviços, que estão sendo reativados à medida em que o tratamento ocorre".
Além da Saúde, a Controladoria Geral da União, a Polícia Rodoviária Federal e o Instituto Federal do Paraná confirmaram que tiveram seus sistemas invadidos.
No domingo, o Ministério da Saúde informou que finalizou com sucesso o processo para recuperação dos registros dos brasileiros vacinados contra a covid-19. Segundo nota divulgada pela pasta, não houve perda das informações, e todos os dados foram recuperados.
O sistema havia sido alvo de supostos hackers na madrugada de sexta-feira. Os invasores chegaram a publicar uma mensagem que afirmava que os "dados internos dos sistemas" haviam sido "copiados e excluídos". Com isso, plataformas como DataSUS, Painel Coronavírus e Conecte SUS ficaram fora do ar.
Um grupo que autointitula "Lapsus$ Group" assumiu a autoria do "ransomware", uma modalidade de ataque cibernético em que um site ou sistema é "sequestrado" ou paralisado até o pagamento de um pedido de resgate. A Polícia Federal abriu inquérito para apurar o caso e avaliar o alcance do ataque cibernético.
Nesta segunda, dados sobre vacinação continuavam indisponíveis pelo quarto dia no aplicativo ConecteSUS, usado para emitir comprovantes de imunização. Outras plataformas, incluindo o Painel Coronavírus, que apresenta números de mortes e casos da covid-19 no Brasil, também continuavam fora do ar.
Queiroga indicou que o novo ataque pode atrasar os planos de restabelecer os sistemas nesta terça. "Falei que até amanhã. Aí houve esse outro ataque. Infelizmente somos vítimas dessas figuras", disse.
Ataque em meio a ofensiva do governo contra passaporte
Os ataques ocorreram num momento em que o governo de Jair Bolsonaro tentava contornar medidas delineadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para conter a pandemia, entre elas a instituição de um passaporte da vacina para viajantes.
Em vez de adotar uma obrigatoriedade exclusiva do passaporte de vacinação, o governo Bolsonaro tentou emplacar como alternativa uma quarentena de meros cinco dias para viajantes que ingressassem no país sem comprovante de vacinação, uma medida encarada pela comunidade científica como pouco séria, já que seria difícil fiscalizar milhares de pessoas que teriam que ficar em isolamento.
Mas até mesmo essa medida considerada pouco eficiente acabou sendo deixada de lado após o ataque ao site do Ministério da Saúde, e a pasta decidiu inicialmente adiar para o próximo sábado (18/12) a exigência da quarentena para viajantes que não apresentassem comprovante.
No entanto, no último sábado o Supremo Tribunal Federal (STF) entrou em cena e determinou que passageiros internacionais que cheguem ao Brasil apresentem comprovante de vacinação contra o coronavírus - enterrando por enquanto o plano do governo em oferecer a quarentena como alternativa. Dessa forma, estrangeiros sem comprovante vacinal não poderão entrar no Brasil - salvo algumas exceções.
Nesta segunda, a Anvisa notificou os postos dela nas fronteiras para que exijam o passaporte de vacinação contra a covid-19 dos viajantes que quiserem entrar no Brasil.
No mesmo dia, a Advocacia-Geral da União (AGU) pediu ao STF para que brasileiros vindos do exterior que não tenham o passaporte de vacinação possam entrar no Brasil após cinco dias de quarentena e testagens.
A AGU argumentou que a determinação do STF não foi clara em relação aos brasileiros que residem no exterior, e também pediu a Barroso que altere a decisão para garantir que residentes no Brasil possam retornar ao país desde que cumpram a quarentena prevista. O governo pediu ainda que o comprovante de recuperação da covid-19 seja aceito como alternativa para entrar no país.
lf (ABR, ots)