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Ministro Santos Cruz é demitido por Bolsonaro

13 jun 2019 - 18h41
(atualizado às 18h54)
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Titular da Secretaria de Governo, general vinha sendo alvo de ataques do ideólogo Olavo de Carvalho e do vereador Carlos Bolsonaro, filho do presidente. O presidente Jair Bolsonaro demitiu nesta quinta-feira (13/06) o ministro Carlos Alberto dos Santos Cruz, que chefiava a Secretaria de Governo da Presidência da República.

O general Santos Cruz, à época em que comandava missão de paz da ONU na África
O general Santos Cruz, à época em que comandava missão de paz da ONU na África
Foto: DW / Deutsche Welle

A informação foi confirmada pelo porta-voz da Presidência, general Otávio Rêgo Barros. O porta-voz também informou que que Santos Cruz será substituído pelo general Luiz Eduardo Ramos Baptista Pereira, comandante militar do Sudeste.

Segundo o jornal O Globo, Santos Cruz foi comunicado sobre sua saída nesta tarde durante uma reunião com o presidente. A demissão foi atribuída à "falta de alinhamento político-ideológico" e disputas com outros integrantes do governo.

Santos Cruz é o terceiro ministro a cair em pouco menos de seis meses da gestão de Jair Bolsonaro. Anteriormente, já haviam deixado o governo Gustavo Bebianno, que comandava a Secretaria Geral e Ricardo Vélez Rodríguez, ex-titular da Educação.

Nos últimos meses, Santos Cruz, da ala militar do governo, vinha sendo alvo de ataques e ofensas regulares nas redes sociais por parte do ideólogo Olavo de Carvalho, guru do presidente e de seus filhos.

O ministro também vinha sendo alvo de intrigas de um dos filhos do presidente, o vereador Carlos, que criticava os rumos da comunicação do Planalto, área que era subordinada à pasta de Santos Cruz. Carlos já havia sido o pivô da queda de Bebianno, em fevereiro, durante mais uma disputa no governo.

Nas redes sociais, militantes bolsonaristas e olavistas também vinham publicando ataques regulares ao ministro, que antes de assumir o ministério era uma figura conhecida no meio militar, tendo comandado uma missão de paz da República Democrática do Congo entre 2013 e 2015.

Em março, durante entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, Santos Cruz havia criticado Olavo de Carvalho, que à época já vinha desferindo ataques à ala militar do governo.

"Eu nunca me interessei pelas ideias desse senhor Olavo de Carvalho", disse Santos. "Por suas últimas colocações na mídia, com linguajar chulo, com palavrões, inconsequente, o desequilíbrio fica evidente", disse ele. Além de Santos Cruz, o vice-presidente, general Halmiton Mourão, também é um dos alvos regulares de Olavo.

Um dos episódios que alimentou a fúria da ala ideológica e do guru Olavo de Carvalho foi uma entrevista que Santos Cruz concedeu à rádio Jovem Pan em abril. Na ocasião, o general disse que era preciso disciplinar "grupos radicais" nas redes socais e que a legislação precisava "ser melhorada".

A fala foi interpretada por Olavo, por dois filhos do presidente e por militantes de extrema-direita como um sinal de que o general pretendia regular as mídias sociais. "Controlar a internet, Santos Cruz? Controlar a sua boca, seu merda", escreveu Olavo na ocasião.

Críticas indiretas também foram publicadas por Carlos Bolsonaro e por seu irmão, o deputado Eduardo. No final, o próprio presidente publicou uma nota no Twitter afirmando que era contrário à regulamentação de mídias sociais. "Quem achar o contrário recomendo um estágio na Coreia do Norte ou Cuba", escreveu Bolsonaro.

Antes de a demissão ser anunciada pela imprensa brasileira, Santos Cruz chegou a participar nesta quinta-feira de audiência na Comissão de Transparência, Governança, Fiscalização e Controle do Senado. Durante o encontro, Santos Cruz defendeu o ministro da Justiça, Sergio Moro, que está envolvido em um escândalo de troca de mensagens com o procurador Deltan Dallagnol que ocorreram à época em que ele julgava os casos da Lava Jato.

Santos Cruz também falou sobre um vídeo que celebrava do golpe de 1964 que acabou sendo distribuído em um canal de Whatsapp do governo em em 31 de março deste ano. Ele atribuiu a distribuição a um "erro" de um funcionário.

JPS/ots

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